Expliquei
há muitos artigos atrás que o fascismo,como o nacional-socialismo alemão(que
veio primeiro como conceito)nasceu das hesitações da revolução de 1848.Os
alemães ,abandonados pela “ revolução internacional”,criaram o termo “
revolução nacional”.Wagner criou este termo acentuando o aspecto essencial do
anti-semitismo,da repulsa dos judeus como forma de afirmação da Alemanha em seu
processo de unificação.Engels chamou o anti-semitismo de “ o socialismo dos
imbecis” e ressaltou mais ainda o uso deste preconceito para edificar uma
nação.
Nos
artigos anteriores eu caracterizei o grupo social que elabora estas teorias
como o “ oportunismo das revoluções”.Em todas elas,desde a primeira revolução moderna
,a de 1640 na Inglaterra,aparece aquele que não tem real vinculação com o
processo (coletivo)de mudança,mas com os seus interesses pessoais,de ascensão
social e financeira.
Esse
fenômeno se tornou mais claro na Revolução Francesa com a
fase pré-Napoleão,chamada de “ Reação Termidoriana”,analisada depois,a respeito
da Revolução Russa,por Trotsky.
Este
oportunista social(tão presente em Balzac[que o chamava de arrivista])nasce na esquerda e permanece
nela até ao momento em que os seus interesses pessoais sejam ou não
reconhecidos e realizados.
Nas
revoluções autênticas(poucas)ou ele desaparece ou busca um caminho,aí sim,de direita.
Foi
o que aconteceu no seio do socialismo.Em 1914 ,por razões teóricas,os
socialistas da II Internacional,apoiaram a nação alemã,no seu esforço de guerra,votando
,no parlamento,os créditos de guerra.
Não
dá para aprofundar isto aqui,uma discussão que vem do século XIX e que envolveu
Engels,mas é bom lembrar a razão disto:num determinado momento apoiar a nação se
sobrepunha ao problema da luta de classes,porque tal atitude favoreceria a hegemonia da
Rússia.Há um exemplo histórico:os socialistas não apoiaram ,em certa ocasião,uma
revolta da Polônia contra o Império Russo,porque isto desencadearia e
justificaria uma onda reacionária na
Europa.Depois que este perigo deixou de existir,a revolução polonesa foi
admitida(por Lênin inclusive).
A
votação dos créditos de guerra atendeu a um propósito semelhante,de contenção
da Rússia e da onda reacionária,mas eu aduzo um outro motivo:não ficar contra
os operários de seus respectivos países,já que os partidos socialistas todos
fizeram o mesmo que o alemão.
Acreditava-se
em 1914 que a guerra seria rápida,mas ela se prolongou, e em 1916 entrou num
impasse histórico e político:motins nas trincheiras do ocidente e do
oriente;participação ativa dos políticos(substituindo os generais),após
eleições na Inglaterra(David Lloyd George)e França(Clemenceau) e reunião da
internacional socialista que mudou de opinião sobre a guerra.A Internacional
passou a defender predominantemente o pacifismo,mas determinados setores e membros
dela foram cooptados por interesses nacionais e nacionalistas,uma vez que os
governos envolvidos no conflito não queriam deixar a guerra de maneira desonrosa
e prejudicial aos seus objetivos,inclusive coloniais.De 1916 a 1918 a questão
foi esta e aqueles extratos oportunistas se prestaram a uma recusa do pacifismo
e deixaram o socialismo.O principal representante destes setores todo mundo já
sabe:Mussolini,figura política chave no século XX e fundador do fascismo,movimento de direita.
Movimento
de direita porque associado a um nacionalismo xenófobo,imperialista e calcado
em formas tradicionais de preconceito como o anti-semitismo.
Então
não me venham com esta de fascismo ser de esquerda,porque não é.
FHC
me cita.
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