No
dia de ontem,10 de abril, o cineasta de “ ônibus 174” e “Tropa de Elite I e II”
,Padilha,foi entrevistado por Pedro Bial em seu programa.Não sei se o que eu
digo aqui tem tido alguma influência em alguém,mas não importa.O fato é que a
consciência de uma nova esquerda preocupada com novos valores,diferentes
daquela,clássica,influenciada pelo marxismo,aparece.
O
estudo,através inclusive da arte,da realidade,está criando novas oportunidades
de compreensão do mundo,sem distorções ideológicas.O acesso ao mundo real tem
aberto caminho por entre os modelos.O mundo real possível da política é a
nação.
Na
conversa que Padilha teve com Bial,esta idéia pareceu ter repercussão nos
interlocutores.Tanto a direita quanto a esquerda são vistas como extremismos
cujo crivo exclusivista e subjetivista querem se impor e fazer uma ditadura.
Pela
primeira vez vejo alguém de esquerda ser contra o conceito divisivo da luta de
classes,reconhecendo a sua natureza intrinsecamente ditatorial.Esta besteira
que é repetida aí na internet dando conta de que é preciso ter lado tem que ser
contestada.Tem muita gente,inclusive que não se enquadra na esquerda ou na
direita, que reproduz esta falsa idéia.
Se
eu,por exemplo,sou integrante da classe média,porque,no âmbito do Brasil,tenho
que olhar só o meu lado?Porque não posso considerar as outras classes?Quer
dizer que o melhor(seguindo Marx)para a sociedade é defender somente o seu
lado?Devo me sentir(seguindo Marx)pior do que a classe realmente produtiva?Ou
menos importante?Ou a solução da esquerda é exterminar(como não raro)aquele que
não está do seu lado?
Estas
perguntas estão pululando na minha cabeça nestes últimos dias e anos.Mas o mais
importante é que outras pessoas estão indo pelo mesmo caminho crítico quanto a
estas visões ultrapassadas do marxismo ortodoxo(o marxismo de Marx).Penso que
estamos no limiar de compreender o que deve ser a nova concepção da
esquerda,aliada do problema nacional e entendendo que as classes não existem
sozinhas e que tal afirmação não contraria de forma alguma a dialética,ainda
que como produto da consciência.Oportunisticamente partes da esquerda,reunidas
no PSOL de Freixo,por exemplo,reconhecem o papel da sociologia estudando
superficialmente com má vontade “ As Regras do Método Sociológico” de Durkheim,só
para dar a impressão de reconhecer o papel da sociologia,mas no fundo a
submetendo ao controle do marxismo,tido como a ciência .
É
só um truque.A estrutura ultrapassada está lá,numa situação pior,porque
ocultada.Se a classe “ produtiva” se compõe com a burguesia(PT)então os “ novos”
atores da transformação revolucionária são a mulher e o negro.De dez em dez
anos diante do fracasso de cada um dos grupos de “ atores” escolhidos,outros o são
pelos motivos mais estapafúrdios e sem fundamentos
sociológicos.
O
único senão da fala de Padilha foi a
proposta de oferecer um “ Macron” para o Brasil,um presidente “ nacional”(não
de classe).A esquerda não precisa abandonar o internacionalismo em favor do “
nacional”,mas articulá-los de forma nova.Qual é esta forma?A inclusão da nação
como parte do pensamento de esquerda.Eu já tratei disto aí em outros artigos.A
esquerda sempre considerou a nação como um conceito e uma realidade
burguesas,mas ela pode ser incorporada ao pensamento de esquerda,que deve
sempre atentar,permanentemente, para as mudanças sociais,que são muitas e que
tornaram o mundo atual totalmente diferente daquele em que Marx viveu.
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