quarta-feira, 1 de novembro de 2017

O problema da moradia para uma esquerda moderna



Quando a Revolução Russa precisou de apoio na população(já que não tinha)criou um comitê de moradia ,que desalojou pessoas de classes mais favorecidas e colocou 2 ou três famílias pobres.Quem viu o filme “ A lista de Schindler” e sabe da História do nazismo verifica que há aqui similitudes...
Desde Engels ,quando tratou do problema da moradia,que esta questão vem instigando a esquerda,porque até hoje existem em todos os lugares gente morando embaixo da ponte,sem teto e nos dias atuais,movimentos de ocupação de espaços vazios se multiplicam para ,através de ocupações solucionar esta injustiça.
Ocorre que estes movimentos são desesperados e expressam a necessidade imediata desta gente excluída e eu,que me considero de esquerda,entendo e estou a favor deles.
Contudo esta ação voluntária não é mais do que o começo de um outro problema:a transformação destas ocupações em antros de  pobreza e crimes,associados à drogadição.
As pessoas sem teto são capazes de se virar no sub-emprego e isto dá a elas uma auto-estima.A ocupação de uma moradia vazia amplifica esta auto-estima,mas a verdade é que depois da ocupação, novos problemas surgem,porque o sub-emprego não é capaz de criar uma infra-estrutura de sobrevivência digna.É só um lugar para a pessoa reproduzir o estado de indigência em que vive.Isto guarda semelhança com a reforma agrária:dar a terra a alguém é na verdade concentrar a propriedade,porque o camponês sem recursos a vende para outrem com mais condições.
De outro lado ,embora  eu considere um direito a ocupação,as conseqüências aludidas perturbam de forma também injusta setores da cidade já constituídos e que certamente terão que conviver com cracolândias e violência.
Quando determinados grupos políticos defendem  só a ocupação existe aí uma relação demagógica,de uso político e uma suposta solução,que os favorece e não  obrigatoriamente aos necessitados.
Há que associar às ocupações o incremento de um projeto de melhoria das condições educacionais dos excluídos;associar com uma infra-estrutura(hospital,escola)que os faça se inserir na sociedade,por cima e não por baixo.
Isto sem falar,especialmente aqui no Brasil ,que estes movimentos são capitalizados por partidos,o que é ilegítimo.Partidos que aproveitam-se da situação de excludência para colocar plataformas políticas imediatas,como o “ Fora Temer”.
No passado,lembro-me das críticas que Hércules Correa fazia às greves políticas.No plano da sociedade civil não há como fazer uma articulação direta entre o terceiro setor e interesse político e este tema será objeto de um futuro texto meu.

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