segunda-feira, 5 de junho de 2017

A inelutabilidade do pensamento puro,erudito,numa crise nacional



De tempos em tempos,ciclotimicamente,há uma cristalização na mídia(principalmente rede globo)em que o drama da crise nacional clama po soluções.Estamos diante de um momento destes. Diversas afiliadas da rede citada  começam a falar em documentários e em histórias de pessoas que largaram o banditismo para se tornarem pessoas de bem.
Tudo muito bonito,mas eu já vi este filme,que mais parece uma reinterpretação dos antigos chás de caridade,no sentido mais elaborado de marcar a posição social de televisões que têm muita responsabilidade no que de ruim acontece no Brasil e que passam por “ entidades sociais e filantrópicas”,culpando só os governos.Isto sem falar na promoção da mídia,quel he rende mais dividendos econômicos e financeiros.
A sociedade e a nação são problemas complexos que só terão um encaminhamento seguro quando as causas e fundamentos dos seus problemas forem identificados.
De nada adianta mostrar um caso de sucesso quando outros tantos de insucesso são gestados de hora em hora(a coisa piora).
Tiradas de cena,as revoluções mundiais só causaram mais quiproquós e então nós temos que partir das nações ,como questão filosófica e científica.
Bolivar,no final trágico de sua carreira disse “ A América Latina é ingovernável”.O que se deu historicamente para que o libertador dissesse isto,foi que as elites latino-americanas(inclusive a nossa)não incorporaram o seu projeto grandioso(demais)de nações republicanas por um ideal comum.
Quando as elites “ criollas”,autóctones ,viram que era melhor cuidar de seus interesses regionais fizeram nascer estes países pobres que aí estão.Estas elites não têm projeto coletivo,mas os seus projetos,dissociados dos interesses do povo.
Certa feita ouvi de um professor,não muito bom de história,mas de introdução ao direito,dizer que o Brasil era o único país do mundo cuja independência tinha sido feita  por um estrangeiro,mas não foi bem assim:foi feita pelo colonizador  e sem objetivo real de independência,mas de fazer uma monarqia dual(talvez)Brasil-Portugal,com hegemonia deste último,ou seja,mantendo tudo como dantes no quartel de abrantes.
A verdadeira independência começou(repito:” começou”)em 1831 ,como explicou outro professor mais antenado,na abdicação ,fato que jogou por terra aquele projeto e iniciou a derrocada de mais de 100 anos do império português.
De qualquer forma isto tudo mostra que,se as nações são o nosso campo de luta ,nós precisamos entender a sua mecânica,os seus fundamentos e causas de seus desvios para colocá-las no devido lugar e isto ter as consequencias coletivas gerais que pedimos e precisamos.
A miséria da AL começa naqueles fatos citados e a nossa miséria brasileira,na Independência e no modo como a abolição se realizou.
O que dá condição a quem quer que seja ,de entender estas causas e fundamentos são os saberes eruditos,a filosofia, a sociologia,que alguns papanatas de facebook,usando poesia menor de Carlos Drummond de Andrade ,consideram de somenos importância e até obstáculos ao processo de solução da crise moral e social em que sempre estivemos.
Todo mundo sabe que uma das razões de nosso atraso cultural é porque Portugal não colocou escolas desde sempre na colônia brasileira.
Este tipo de desconfiança da criançada brasileira quanto aos saberes eruditos,que eu propago aqui,sem medo,reproduz o esquema colonial.Mal sabem eles que são os escravinhos do nosso tempo,os fantoches da burguesia  brasileira.
As elites brasileiras,como as da América Latina,pelas razões aludidas,não têm projeto nacional.Um burguês estadunidense,como Guggenheim ,sabe que o crescimento de seu país é o dele,então constrói empreendimentos culturais nacionais,como seu museu.É verdade que muitos destes projetos,como as Universidades de Harvard e Yale são para as classes altas,mas num processo de mudança ,em que estas escolas se tornassem públicas, o nível cultural  e de produção acadêmica poderia passar para os estratos menos favorecidos facilmente e tal projeto consta do movimento negro americano.
O que vamos oferecer ao povo,com poucas escolas dedicadas à pequena alta burguesia brasileira,em cujas salas de aula não é transmitido um projeto de nação,mas um hedonismo,que o povo brasileiro ,pobre,imita?Sim,se o Eike Baptista expõe um cadillac rosa na sua sala de estar,porque o povão não pode botar cordão de ouro e só se preocupar com balada?
Eu já disse em outro artigo “Os sinais da História”,que a aristocracia britânica soube identificar os sinais de dissensão nas classes baixas e soube negociar.A aristocracia francesa soube?O que aconteceu com ela?
Cuidado com os  sinais da História.

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