sábado, 25 de março de 2017

O que significam a terceirização e o fim da justiça trabalhista?



Eu já tratei deste tema em outra ocasião mas como agora ele se tornou praticamente oficial sou obrigado a novamente abordá-lo.
Historicamente a terceirização é o máximo de “ liberação” das cadeias reguladoras “ medievais”(restos feudais[Nelson Werneck Sodré]{tocarei neste assunto proximamente})do capitalismo predatório e sem mercado interno brasileiro.
Todo capitalismo é assim:ele vai passando por cima de todas as amarras reguladoras de qualquer jaez e origem que possui.Isto está em Marx.É da sua natureza,na busca do poder.
Contudo,nos capitalismos tradicionais, isto vem acompanhado de uma sociedade civil forte,um mercado consumidor amplamente desenvolvido e que mantém o processo na base,nesta sociedade e não no Estado,que,se predominasse(como no Brasil) acabaria  por engessá-la.
O capitalismo autárquico brasileiro,que não foi modificado em nada por Dilma e Lula(apêndices politicos deste capitalismo predatório),não possui estas características essenciais.Essenciais para o quê?Para a construção de um regime democrático pelo menos mais expressivo desta sociedade civil e mais aberto a ela;para a uma distribuição de renda,que se não perfeita,maior;e para a construção de um sistema educacional e uma mobilidade social ascendente também maiores e que atinjam de fato extratos menos favorecidos em maior quantidade.
Neste último caso eu já tinha tocado no artigo que fiz logo que se falou na terceirização,inicio do governo Temer(que devia ter saído junto com Lula e Dilma).A terceirização baixa os custos dos salários porque a mão-de-obra é desqualificada e desobriga o Estado e a sociedade de qualificá-la(obrigando o aumento de salários).Na construção civil por exemplo,um engenheiro vai dirigir equipes de pessoas  contratadas sem nenhuma formação.O que ,pelos erros cometidos,fará com que as obras demorem e os custos aumentem,favorecendo as construtoras.
As disparidades de renda aumentam se não há qualificação.
Na ocasião do meu primeiro artigo  teve gente que me critcou porque entendia que havia vantagens na terceirização e eu digo :num capitalismo avançado,como Marx mostrou, a quebra das peias feudais ajuda no progresso material da sociedade.Mas num capitalismo dependente(e que se vai aprofundar mais ainda como tal  a partir de agora),colonial como o nosso,em que  ,em que não existe a formação de uma nação,este tipo de visão,que só vê um lado da questão,o seu,não encarna apenas uma visão egoística(-passional[Gramsci]),mas não joga na necessidade de  se construir um “coletivo” nacional que favoreça a todos os setores sociais,não só um.
Quando Getúlio Vargas criou os sistema de sindicatos,eivado de peleguismo,dentro da relatividade das coisas, havia um compromisso de proteção dos trabalhadores,coisa que agora os sindicatos terão que fazer de modo ainda mais firme.Neste momento os trabalhadores,na relação direta com os patrões, tendem a ficar desprotegidos,ao sabor das manipulações (politicas inclusive[eleitoreiras])dos patrões.É lógico que alguns vão se beneficiar(talvez a classe média esquecida por Lula –Dilma)mas há que se pensar em todos e na edificação da nação brasileira,onde a democracia se amplia e as possibilidades de ascensão social das classes menos favorecidas se torne maior.
E num país em que o cidadão não tem escola,esta é a razão pela qual não vai às ruas.Assunto para o próximo artigo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário