domingo, 8 de janeiro de 2017

César Benjamin e Crivella



Eu me lembro ,logo depois do fim da ditadura, como certos marxistas  tradicionais alegaram ter o direito de compor um gabinete com Paulo Maluf no governo de São Paulo.Já na época admitia-se que as concepções sobre o poder tinham mudado:é lógico que até Gramsci o poder era visto como algo monolítico,inteiriço.Era assim que o stalinismo via as coisas e quem pensasse em fracioná-lo estava contra todo o processo real de mudança.
Hoje,numa época pós-Gramsci ,mas que absorve ainda muito do seu pensamento sobre “ guerra de posições”,o poder é visto como algo fracionável,negociável e não tem tanta importância a dicotomia direita e esquerda.
Contudo,mesmo neste novo quadro é preciso entender que as relações de poder são formais e hierárquicas e que esta dicotomia,embora enfraquecida, historicamente ainda existe.
Alguém de esquerda que  participa de um governo conservador de direita precisa ter cuidado para não jogar água ,ainda que indiretamente,nos objetivos mais retrógrados.Precisa ter cuidado para não legitimar algo que é francamente contrário ao pensamento geral da esquerda.
Este é o caso de Cid Benjamin no governo Crivella.Jogada muito inteligente do Prefeito,mas perigosa para quem é de esquerda e que deve exigir desta uma clareza muito grande quanto ao papel a  exercer.
Porque ninguém vai imaginar que Benjamin vai se colocar numa perspectiva contrária à liberdade LGBT,que é um dos fundamentos do pensamento de Crivella.Como conciliar estas duas coisas?Conversando se entende,mas é preciso conversar,definir e expor diante do público e diante do eleitorado consciente do Rio de Janeiro e do Brasil os limites.
Uma pura e simples afirmação pragmática não vale.Os fundamentos de cada um devem ser respeitados.
Quer dizer, Crivella chamou Cid Benjamin para realizar uma atividade de esquerda que ele admite e não pode exigir que Benjamin se violente.Isto tem que ficar claro.Nem muito menos o sucesso certo da atividade de Cid Benjamin pode legitimar o conservadorismo de Crivella.
O eleitor depois deste governo deve distinguir o que é uma política de esquerda e uma de direita,senão nós vamos cair no tempo de Maluf que foi mais beneficiado pelos comunistas que atuaram no seu governo,do que beneficiou uma política conseqüente de esquerda .

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