Depois do
sucesso brasileiro em Atlanta o então presidente
do COI Juan Antonio Samaranch se
prontificou a ajudar o Brasil a criar o seu modelo olímpico e fazer de nosso
país uma potência no esporte,como é de desejo de todos aqui há muitos anos.
Porque isto
não aconteceu até hoje?Porque só existe um modelo possível para um país se tornar uma potência olímpica:a relação do
esporte com a universidade,com a escola.Não existe outro,porque esporte é formação e nação.
As empresas
privadas não têm condições de sustentar um objetivo desta natureza,porque elas
precisam do lucro que o patrocínio dado oferece.Nação e formação vêm muito
depois.
É natural
que nos Estados Unidos as faculdades
privadas sirvam eventualmente de modelo
para um país capitalista emergente como o Brasil.Contudo os Estados Unidos
possuem uma sociedade civil avançada e mesmo as universidades privadas são
fortemente formadas dentro do espírito protestante de construção de uma nação com
determinados valores,fundamentos que ,eu venho dizendo aqui,não existem no
Brasil.
Não é questão
de ser uma universidade particular,uma empresa particular:é que ambas tenham um
forte sentimento do que é ser público,na relação com uma nação cuja sociedade
civil,forte e pujante,pode dar sustentação econômica a qualquer projeto.
Afora os
nadadores que são filhos de homens ricos,muitos chegam à universidade descontando
o pagamento de suas mensalidades com trabalho ou com esporte e quando alguns,lá
onde vivem ,demonstram ser dotados de especial aptidão,são buscados por estas
universidades,que,como outras instituições estadunidenses,estão longe do
corporativo,do exclusivismo e da
egocentria,que são coisas corriqueiras aqui em nosso país.
Em
universidades ,públicas ou privadas,em que o interesse próprio vai além dos
coletivos e nacionais é inadmissível fazer uma grande parceria com os esportes.
Em
instituições em que a política se
sobrepõe ao profissionalismo,como aceitar as regras rígidas e éticas,em que “vence o melhor” e não aquele
que tem cupinchas prévios nas bancas examinadoras?
Num país em
que o mestiço,maioria da população,não
tem como,por diversas razões,condições de ascender à universidade,como
massificar o esporte,como criar as condições para achar aquele que tem uma
aptidão especial?
É isto o que
eu digo freqüentemente não só em relação ao Judiciário,mas às outras instituições
nacionais:elas são corporativas,desinteressadas do projeto nacional.Juntá-las
em obrigações e parcerias é um modo de construir um modelo nacional,pelo menos
começar.
Eu acho um
absurdo que ainda predomine no Brasil uma visão positivista do século XIX,segundo
a qual a norma jurídica só tem a função de punir.Porque ela não pode ser vista
como um caminho para a educação?
Para mim é
obrigatório que em certas instâncias criminais alguém que cometa um delito seja
não enviado para prisões ,as escolas do crime,mas para escolas de verdade e que
ainda se busque a redução da maioridade penal.Existem tentativas,lutas,mas de
modo geral o Brasil ainda é este país medieval.
Assim também
ocorre com a universidade e a escola em
geral:ela não quer abrir as janelas ao povo,mas reproduzir poder contra ele e
no interesse de interesses privados que atingem as próprias escolas públicas.
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