segunda-feira, 8 de agosto de 2016

O modelo olímpico



Depois do sucesso brasileiro em Atlanta o então  presidente do COI  Juan Antonio Samaranch se prontificou a ajudar o Brasil a criar o seu modelo olímpico e fazer de nosso país uma potência no esporte,como é de desejo de todos aqui há muitos anos.
Porque isto não aconteceu até hoje?Porque só existe um modelo possível para um país se  tornar uma potência olímpica:a relação do esporte com a  universidade,com  a escola.Não existe outro,porque esporte é  formação e nação.
As empresas privadas não têm condições de sustentar um objetivo desta natureza,porque elas precisam do lucro que o patrocínio dado oferece.Nação e formação vêm muito depois.
É natural que  nos Estados Unidos as faculdades privadas sirvam   eventualmente de modelo para um país capitalista emergente como o Brasil.Contudo os Estados Unidos possuem uma sociedade civil avançada e mesmo as universidades privadas são fortemente formadas dentro do espírito  protestante de construção de uma nação com determinados valores,fundamentos que ,eu venho dizendo aqui,não existem no Brasil.
Não é questão de ser uma universidade particular,uma empresa particular:é que ambas tenham um forte sentimento do que é ser público,na relação com uma nação cuja sociedade civil,forte e pujante,pode dar sustentação econômica a qualquer projeto.
Afora os nadadores que são filhos de homens ricos,muitos chegam à universidade descontando o pagamento de suas mensalidades com trabalho ou com esporte e quando alguns,lá onde vivem ,demonstram ser dotados de especial aptidão,são buscados por estas universidades,que,como outras instituições estadunidenses,estão longe do corporativo,do exclusivismo e  da egocentria,que são coisas corriqueiras aqui em nosso país.
Em universidades ,públicas ou privadas,em que o interesse próprio vai além dos coletivos e nacionais é inadmissível fazer uma grande parceria com os esportes.
Em instituições em que a política  se sobrepõe ao profissionalismo,como aceitar as regras rígidas e  éticas,em que “vence o melhor” e não aquele que tem cupinchas prévios nas bancas examinadoras?
Num país em que o mestiço,maioria  da população,não tem como,por diversas razões,condições de ascender à universidade,como massificar o esporte,como criar as condições para achar aquele que tem uma aptidão especial?
É isto o que eu digo freqüentemente não só em relação ao Judiciário,mas às outras instituições nacionais:elas são corporativas,desinteressadas do projeto nacional.Juntá-las em obrigações e parcerias é um modo de construir um modelo nacional,pelo menos começar.
Eu acho um absurdo que ainda predomine no Brasil uma visão positivista do século XIX,segundo a qual a norma jurídica só tem a função de punir.Porque ela não pode ser vista como um caminho para a educação?
Para mim é obrigatório que em certas instâncias criminais alguém que cometa um delito seja não enviado para prisões ,as escolas do crime,mas para escolas de verdade e que ainda se busque a redução da maioridade penal.Existem tentativas,lutas,mas de modo geral o Brasil ainda é este país medieval.
Assim também ocorre com a universidade e a  escola em geral:ela não quer abrir as janelas ao povo,mas reproduzir poder contra ele e no interesse de interesses privados que atingem as próprias escolas públicas.

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