O maior
atentado já registrado na História aconteceu,depois de tantos outros.Fica
difícil não banalizar estes atos,uma vez que se repetem demais.Não é culpa
nossa Hannah Arendt!Mas para lutar contra esta(inevitável)banalização do
mal,nós devemos analisá-lo e tirar as conseqüências.
Em primeiro
lugar nós vivemos numa época em que as coisas acontecem e ninguém busca a
profilaxia,sugerindo até uma simbiose entre a “ boa sociedade” e os crimes.É
porque não pensamos mais,não buscamos as causas(cientificas) do que acontece
para mudar.Parafraseando Nietszche ,com relação aos alemães ,que pararam de
pensar para fazer política e viver no cotidiano,em relação à humanidade, hoje,
o mesmo ocorre,numa desolação descompromissada total ,que escandaliza
aqueles,que,como eu,viveram numa época passada de extrema militância.Parece que está tudo resolvido!
Em segundo
lugar este caçador de Gays cristaliza
nos seus atos e na sua personalidade uma verdade que sintetiza as causas para
esta desolação.Todo o movimento radical de busca de mudança sempre caiu nesta
armadilha de individualismo heróico salvacionista que procura não o coletivo
,mas a solução imediata(por falta de conhecimento da realidade),mas uma atitude
direta que atende mais às necessidades pessoais próprias de quem busca
compensações para carências individuais
afetivas e eróticas,do que as de cunho social.
Dentro ainda
deste contexto há que ressaltar como o pensamento radical sempre desdenhou a
lei,a norma,o limite,como um elemento do progresso social,como algo que
supostamente o atrasaria.O atirador era filho de um ativista simpatizante do
talibã e viu nesta militância uma justificativa para agir deste modo,relembrando
Raskolnikov em “ Crime e Castigo de Dostoievski:se todos admiram Napoleão,mesmo
tendo ele cometido crimes,porque eu não posso cometer também,com muitos mais
motivos?
Em terceiro
lugar o fato é que este atentado homofóbico revela uma motivação pessoal
recorrente neste tipo de pessoa:o sentimento de inveja em relação à pessoa que faz a escolha radical ,no seu elemento
intimo mais próprio,que é a sexualidade.O atirador é alguém atroz,que não
consegue se relacionar,que não consegue admitir as suas tendências,que não
consegue usar um conhecimento para se reconstruir e por isso quer marcar o seu
nome,como todo radical,com um ato deste tipo e
a vida é um valor menos importante do que “ entrar na História”.
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