terça-feira, 14 de junho de 2016

O atentado(de novo)



O maior atentado já registrado na História aconteceu,depois de tantos outros.Fica difícil não banalizar estes atos,uma vez que se repetem demais.Não é culpa nossa Hannah Arendt!Mas para lutar contra esta(inevitável)banalização do mal,nós devemos analisá-lo e tirar as conseqüências.
Em primeiro lugar nós vivemos numa época em que as coisas acontecem e ninguém busca a profilaxia,sugerindo até uma simbiose entre a “ boa sociedade” e os crimes.É porque não pensamos mais,não buscamos as causas(cientificas) do que acontece para mudar.Parafraseando Nietszche ,com relação aos alemães ,que pararam de pensar para fazer política e viver no cotidiano,em relação à humanidade, hoje, o mesmo ocorre,numa desolação descompromissada total ,que escandaliza aqueles,que,como eu,viveram numa época passada de extrema  militância.Parece que está tudo resolvido!
Em segundo lugar  este caçador de Gays cristaliza nos seus atos e na sua personalidade uma verdade que sintetiza as causas para esta desolação.Todo o movimento radical de busca de mudança sempre caiu nesta armadilha de individualismo heróico salvacionista que procura não o coletivo ,mas a solução imediata(por falta de conhecimento da realidade),mas uma atitude direta que atende mais às necessidades pessoais próprias de quem busca compensações para carências individuais  afetivas e eróticas,do que as de cunho social.
Dentro ainda deste contexto há que ressaltar como o pensamento radical sempre desdenhou a lei,a norma,o limite,como um elemento do progresso social,como algo que supostamente o atrasaria.O atirador era filho de um ativista simpatizante do talibã e viu nesta militância uma justificativa para agir deste modo,relembrando Raskolnikov em “ Crime e Castigo de Dostoievski:se todos admiram Napoleão,mesmo tendo ele cometido crimes,porque eu não posso cometer também,com muitos mais motivos?
Em terceiro lugar o fato é que este atentado homofóbico revela uma motivação pessoal recorrente neste tipo de pessoa:o sentimento de inveja em relação à  pessoa que faz a escolha radical ,no seu elemento intimo mais próprio,que é a sexualidade.O atirador é alguém atroz,que não consegue se relacionar,que não consegue admitir as suas tendências,que não consegue usar um conhecimento para se reconstruir e por isso quer marcar o seu nome,como todo radical,com um ato deste tipo e  a vida é um valor menos importante do que “ entrar na História”.

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