quinta-feira, 26 de maio de 2016

O Segredo de Polichinelo



Tacitus,o maior cronista/historiador do  Império Romano,em sua obra clássica “Anais”,disse uma frase que cabe bem no Brasil de hoje:quando Calígula foi assassinado pela guarda Pretoriana,criada por Augusto,para proteger o Imperador,Tacitus afirmou que “ o grande segredo havia sido descoberto” e este segredo era que bastava a força armada para colocar ou tirar um Imperador.
As conversas reveladas nesta semana mostram aquilo que todo brasileiro sério sabe:é assim que se faz política no Brasil.Que não é política,mas conchavo,ao arrepio da Lei,com modos desrespeitosos,uns com os outros,bem como com o povo.
No entanto,o fato disto tudo estar sendo revelado  tem um significado histórico decisivo sim,que também revela como o brasileiro precisa ser colocado diante do espelho para construir uma identidade,que ele quer,mas não é capaz de construir,porque é conivente.É o verso de Elis Regina,guardadas as devidas proporções:” O brazil não conhece o Brasil”.Nós diríamos “o Brasil não conhece o Brasil”.Mas isto também é um segredo de polichinelo,porque ele sabe sim,mas não parte para a ação.
Eu já disse em um outro  artigo que a culpa por péssimos candidatos é dos partidos que os escolhem e continuo dizendo.O povo brasileiro,vota às vezes confiando e se dá mal.Numa média isto acontece sempre,mas perdoa-se ,por estas premissas,o povo.
Mas em alguns casos  não dá para aliviar não.Quem elegeu Fernando Collor?As pessoas que o elegeram não sabiam como ele era?Como ele é?
Esta é a verdade que se depura destes acontecimentos desoladores que estamos presenciando agora.O Brasil parece acéfalo,sem cabeça.O mandato tampão de Temer é cada vez mais uma transição para uma esperança que não se sabe bem qual é,mas que se sabe qual não deve ser:a continuidade deste óbvio  e conhecido descalabro da política brasileira.A sua exposição tem que ter o condão legitimador das mudanças  em 2018,mas o contrário pode acontecer,ou seja,pode piorar,se o governo Temer não engrenar.
Eu não acredito na volta de Dilma,mas a diluição total da política numa luta interesseira de poder,com a intenção de esconder a luta contra a corrupção,que é o tema da última semana e das conversas gravadas,coisa que pode até inviabilizar a eleição presidencial futura.
Sempre venho aqui para mostrar os fundamentos das coisas,como professor de Filosofia que sou.

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