Eu já disse
em muitos lugares,não sem receber pedradas depois,que eu acho o Brasil,há
muitos anos,o país mais parecido coma Alemanha na sua fase nazista.
Em primeiro
lugar o Brasil,como os países da América latina em geral , tem muito a ver com os países que dependem do estado para
existir,isto é,países,capitalistas ou não ,cujas sociedades são permeadas e
controladas e formadas pelo estado.Países autárquicos,de capitalismo
autárquico.
No passado( e
ainda hoje até certo ponto)comparava com os países do leste europeu,mas hoje eu
vejo,por causa destas tinturas racistas escandalosas que vicejam
aqui,semelhança entre Brasil e Alemanha,para além do 7 a 1.
Na verdade
existem dois movimentos básicos de formação dos estados/nação:uma
tendência,mais própria do norte da Europa ,em que a sociedade civil comanda o processo de sua formação;um
outro,mais afeito aos países do mediterrâneo,em que o Estado, de cima para
baixo ,dirige-o.
Na
verdade,tirando a tradição anglo-saxônica e os países nórdicos a maioria dos países se forma a partir de um estado que obriga a sociedade a se organizar.Foi assim nos países do
leste,comandados pela Rússia e também na Alemanha,a começar pela Prússia ,no
final do século XVII e por todo o XVIII.
A rigor todos
estes países se parecem:burocracias inchadas,autoritarismo,centralização,mas
também sobrevivências do período de formação.Quero dizer,os liames permanecem
depois da unificação formal ,frouxos ,suscitando problemas ideológicos internos
em busca da unidade e ,relacionado com isso,medos endereçados a poderes de fora
e de dentro.
É neste
sentido que eu penso ser o Brasil muito parecido com a Alemanha.Durante muito
tempo comparei o Brasil com os países do leste,pois pensava que a questão da pobreza e da sobrevivência dos
elementos deixados pela escravidão formara sociedades independentes mas cheias
de questões não resolvidas.No leste europeu houve uma independência política da
Rússia ,que manteve a servidão até ao século XIX e XX mesmo.Os países do leste
conservam traços da servidão,como o nosso da escravidão.
Entendo que
esta semelhança ainda existe,mas em função do crescimento do neonazismo e do tipo de racismo militante e ideológico
,que eu jamais pensei que vicejaria aqui,mudei um pouco de opinião.
Muito embora
a Alemanha tenha se unificado em 1871,já muito atrasada em relação aos outros
países da Europa,ela o fez a toque de
caixa e com um pavor imenso de ser
tragada pelo poder maior da Áustria,naquele momento pelo menos.A Alemanha
sempre manifestou um temor de ,apesar de já ser reconhecida como uma nação
culturalmente evoluída,ser dominada por outros povos.Este pavor era em direção
aos povos que a cercavam e os povos que viviam dentro dela,os judeus e os
ciganos,mas mais significativamente os primeiros.
A unificação
não só não acabou com este temor,mas até o insuflou ,até porque Bismarck usou-o
para identificar o povo quanto a este processo histórico de formação.
Depois de
unificada a Alemanha ,ela buscou o seu império(contra a vontade de Bismarck
até),para ficar em termos de igualdade,notadamente com Inglaterra e França,que
já tinham os seus impérios neocoloniais na África.Como não conseguiu, a Alemanha
provocou a primeira guerra,que é a causa
da segunda,num espírito sempre de vingança ,que nasce na História Alemã e se
catapulta na unificação.
Mutatis
Mutandi o Brasil se unificou somente na época da Guerra do Paraguai,como já
expliquei em outro artigo,mas esta unificação não é completa e no artigo
anterior demonstrei os fatos comprobatórios.
Preocupados com
esta realidade geopolítica os militares brasileiros sempre procuraram meios de superar estes liames nacionais
frouxos através de propostas.Abaixo nós vemos o que o general Golbery propôs para
resolver esta questão,em seu livro “ Geopolítica do Brasil”:
A questão era
resolver o problema social do nordeste,liberando massas de homens para tamponar a Amazônia e o centro-oeste.O domínio e
ocupação do território são condições
essenciais para preencher o Brasil de população autóctone e produzir para o
Brasil.Vastas solidões territoriais aguçam a cobiça do estrangeiro.
Isto não
acontece porque a estrutura fundiária do Nordeste força o homem desamparado a
vir inchar as cidades do sudeste.A transamazônica foi uma tentativa de
solucionar esta situação dentro deste modelo geopolítico,mas não deu certo
porque o governo militar não rompeu com esta estrutura fundiária,uma vez que o
regime dependia dela para se legitimar.No entanto a idéia é válida.
Com todo este
interesse,real,sobre a Amazônia,
estes racistas
do sul do Brasil,têm divulgado idéias ,que já vinham se encorpando num racismo
contra os nordestinos em São Paulo(em torno de Jânio Quadros{e que ainda
existe}),de que a geopolítica do Brasil
começa no sul desenvolvido e de primeiro
mundo,que deve se preocupar mais consigo próprio,inclusive buscando uma
tributação mais exclusivista,mais interessada neles próprios,reiterando um
argumento que veio de São Paulo ,também,há muito anos,que dá conta de que se São
Paulo é mais produtiva ,os tributos devem ser mais direcionados para este
estado,de maneira a garantir indefinidamente este crescimento.A partir dele,São
Paulo (e o Sul) distribuiria a riqueza e as condições de investimento segundo
os seus critérios.
No Sul do
Brasil,isto significa mandar às favas o
compromisso nacional,a solidariedade com os outros estados.Naturalmente eles
ocultam este propósito dizendo que o Sul poderia ajudar educacionalmente o
resto do país,mas é balela:no entender deles ,se o resto não o quiser ou
demorar,a hora é de se separar.
Quanto mais o
Brasil se enreda em problemas que não melhoram o sentido de unidade nacional
,fundamentalmente com esta ameaça à Amazônia e em períodos de crise,como
agora,a tendência é que estas doutrinas cresçam.
Então ,como na
Alemanha,as vicissitudes históricas,as ambigüidades e contradições de um país,fomentam
idéias monistas,pretensamente fáceis de resolver tudo.Se o Brasil não entra nos
eixos vamos criar um outro país,com base em critérios raciais,que são mais
eficazes para construir uma simbologia de unidade,ainda que falsa.
Assim eles
propõem um Brasil deste jeito:
sem eles,mas
que,no futuro,pode ficar :
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