domingo, 6 de março de 2016

BrasilxAlemanha(tem nada a ver com o 7 a 1 não)



Eu já disse em muitos lugares,não sem receber pedradas depois,que eu acho o Brasil,há muitos anos,o país mais parecido coma Alemanha na sua fase nazista.
Em primeiro lugar o Brasil,como os países da América latina em geral , tem muito a  ver com os países que dependem do estado para existir,isto é,países,capitalistas ou não ,cujas sociedades são permeadas e controladas e formadas pelo estado.Países autárquicos,de capitalismo autárquico.
No passado( e ainda hoje até certo ponto)comparava com os países do leste europeu,mas hoje eu vejo,por causa destas tinturas racistas escandalosas que vicejam aqui,semelhança entre Brasil e Alemanha,para além do 7 a 1.
Na verdade existem dois movimentos básicos de formação dos estados/nação:uma tendência,mais própria do norte da Europa ,em que a sociedade civil  comanda o processo de sua formação;um outro,mais afeito aos países do mediterrâneo,em que o Estado, de cima para baixo ,dirige-o.
Na verdade,tirando a tradição anglo-saxônica e os países nórdicos  a maioria dos países se forma  a partir de um estado que obriga a sociedade a  se organizar.Foi assim nos países do leste,comandados pela Rússia e também na Alemanha,a começar pela Prússia ,no final do  século XVII e por todo o  XVIII.
A rigor todos estes países se parecem:burocracias inchadas,autoritarismo,centralização,mas também sobrevivências do período de formação.Quero dizer,os liames permanecem depois da unificação formal ,frouxos ,suscitando problemas ideológicos internos em busca da unidade e ,relacionado com isso,medos endereçados a poderes de fora e de dentro.
É neste sentido que eu penso ser o Brasil muito parecido com a Alemanha.Durante muito tempo comparei o Brasil com os países do leste,pois pensava que a  questão da pobreza e da sobrevivência dos elementos deixados pela escravidão formara sociedades independentes mas cheias de questões não resolvidas.No leste europeu houve uma independência política da Rússia ,que manteve a servidão até ao século XIX e XX mesmo.Os países do leste conservam traços da servidão,como o nosso da escravidão.
Entendo que esta semelhança ainda existe,mas em função do crescimento do neonazismo e  do tipo de racismo militante e ideológico ,que eu jamais pensei que vicejaria aqui,mudei um pouco de opinião.
Muito embora a Alemanha tenha se unificado em 1871,já muito atrasada em relação aos outros países da Europa,ela o fez  a toque de caixa  e com um pavor imenso de ser tragada pelo poder maior da Áustria,naquele momento pelo menos.A Alemanha sempre manifestou um temor de ,apesar de já ser reconhecida como uma nação culturalmente evoluída,ser dominada por outros povos.Este pavor era em direção aos povos que a cercavam e os povos que viviam dentro dela,os judeus e os ciganos,mas mais significativamente os primeiros.
A unificação não só não acabou com este temor,mas até o insuflou ,até porque Bismarck usou-o para identificar o povo quanto a este processo histórico de formação.
Depois de unificada a Alemanha ,ela buscou o seu império(contra a vontade de Bismarck até),para ficar em termos de igualdade,notadamente com Inglaterra e França,que já tinham os seus impérios neocoloniais na África.Como não conseguiu, a Alemanha  provocou a primeira guerra,que é a causa da segunda,num espírito sempre de vingança ,que nasce na História Alemã e se catapulta na unificação.
Mutatis Mutandi o Brasil se unificou somente na época da Guerra do Paraguai,como já expliquei em outro artigo,mas esta unificação não é completa e no artigo anterior demonstrei os fatos comprobatórios.
Preocupados com esta realidade geopolítica os militares brasileiros sempre procuraram  meios de superar estes liames nacionais frouxos através de propostas.Abaixo nós vemos o que o general Golbery propôs para resolver esta questão,em seu livro “ Geopolítica do Brasil”:


A questão era resolver o problema social do nordeste,liberando massas de homens para tamponar  a Amazônia e o centro-oeste.O domínio e ocupação  do território são condições essenciais para preencher o Brasil de população autóctone e produzir para o Brasil.Vastas solidões territoriais aguçam a cobiça do estrangeiro.
Isto não acontece porque a estrutura fundiária do Nordeste força o homem desamparado a vir inchar as cidades do sudeste.A transamazônica foi uma tentativa de solucionar esta situação dentro deste modelo geopolítico,mas não deu certo porque o governo militar não rompeu com esta estrutura fundiária,uma vez que o regime dependia dela para se legitimar.No entanto a idéia é válida.
Com todo este interesse,real,sobre a Amazônia,


estes racistas do sul do Brasil,têm divulgado idéias ,que já vinham se encorpando num racismo contra os nordestinos em São Paulo(em torno de Jânio Quadros{e que ainda existe}),de que  a geopolítica do Brasil começa  no sul desenvolvido e de primeiro mundo,que deve se preocupar mais consigo próprio,inclusive buscando uma tributação mais exclusivista,mais interessada neles próprios,reiterando um argumento que veio de São Paulo ,também,há muito anos,que dá conta de que se São Paulo é mais produtiva ,os tributos devem ser mais direcionados para este estado,de maneira a garantir indefinidamente este crescimento.A partir dele,São Paulo (e o Sul) distribuiria a riqueza e as condições de investimento segundo os seus critérios.
No Sul do Brasil,isto significa mandar às favas  o compromisso nacional,a solidariedade com os outros estados.Naturalmente eles ocultam este propósito dizendo que o Sul poderia ajudar educacionalmente o resto do país,mas é balela:no entender deles ,se o resto não o quiser ou demorar,a hora é de se separar.
Quanto mais o Brasil se enreda em problemas que não melhoram o sentido de unidade nacional ,fundamentalmente  com esta ameaça  à Amazônia e em períodos de crise,como agora,a tendência é que estas doutrinas cresçam.
Então ,como na Alemanha,as vicissitudes históricas,as ambigüidades e contradições de um país,fomentam idéias monistas,pretensamente fáceis de resolver tudo.Se o Brasil não entra nos eixos vamos criar um outro país,com base em critérios raciais,que são mais eficazes para construir uma simbologia de unidade,ainda que falsa.
Assim eles propõem um Brasil deste jeito:







sem eles,mas que,no futuro,pode ficar :




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