domingo, 28 de fevereiro de 2016

O separatismo no Brasil



Neste domingo o Fantástico fala de algo  que já é muito conhecido,de muitos anos,no Brasil:a presença de nazistas no sul,Paraná,santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Mas o problema é que estes grupos que existem lá, não é de hoje, são separatistas.Separatistas ,quero dizer, do Brasil.
Historicamente esta questão está colocada há muito tempo.Tenho dito e os historiadores confirmam ,que aquilo que chamamos de Brasil começou a se formar no âmbito da Guerra do Paraguai.Aliás foi para unir o país em torno da monarquia ,que queria sobreviver ,que o Imperador Pedro II deu continuidade a uma guerra que já não era de tanto interesse para Uruguai e Argentina.Era exatamente para isto.
No inicio do século XX,por influência européia e de seus impérios, o que predominava na relação entre o Brasil(e  outros países) e  a Europa era o ius sanguinis.Este conceito de que o natural de um determinado país levava consigo a sua naturalidade para o país colônia ,serviu também para os imigrantes europeus que vieram para América e para o Brasil.
Nas duas primeiras copas do mundo o Brasil possuía jogadores francamente estrangeiros ou de dupla nacionalidade,como Patesko(francamente polonês) e  em 34 Filó,que era italiano.
A imigração alemã ,desde os anos 1830 do século XIX,atendia a interesses da monarquia brasileira de europeizar o Brasil com mão de obra qualificada.Para o mesmo Imperador Pedro II era natural que os povos europeus fossem superiores e nesta sua visão estava presente o viés racial sim.Foi a monarquia e o Imperador que chancelaram esta perversão de obrigar os negros a sair de sua casa,a África ,para depois culpá-los do atraso brasileiro,por não possuírem escola,como se esta lhes tivesse sido dada.Por isto é que eu digo:em política não existe um principio que seja absoluto(acho que isto vale para tudo):neste caso a imigração é ruim,porque prejudicou o negro.
Estes alemães ou aparentados(suíços e outros)sempre preferiram o sul do Brasil ou cidades semelhantes aos seus locais de origem por motivos óbvios.Assim a nossa Nova Friburgo aqui no Rio de Janeiro foi fundada e sempre mantiveram in totum o critério do ius sanguinis ,permitido pelos governos brasileiros,isto é,podiam manter a sua cidadania,manter seus costumes e falar a sua língua.
Quando da eclosão da 1ª Guerra Mundial o Kaiser Guilherme conclamou as colônias alemãs do Sul do Brasil a se rebelarem contra o nosso país e fundarem  um estado alemão separado.Não houve resposta,mas os esforços dos alemães  pátrios para convencer esta região sul do Brasil,Paraná,Santa Catarina e Rio Grande a pensar independentemente ,prosseguiram,adquirindo um evidente salto com o nazismo.
Ainda que o Estado Novo possa ser muito criticado esta é uma das suas facetas interessantes,o de ter completado de fato a nacionalização do Brasil,na medida em que acabou com o princípio federativo,queimando as bandeiras estaduais.Isto reprimiu progressivamente a ação destes  separatistas e agora nazistas,mas não os destruiu,nem com a derrota em 1945,muito pelo contrário.
Estas regiões tomaram para si uma tarefa ideológica de continuidade.Desde então estes núcleos receberam nazistas refugiados e desenvolveram uma ideologia ressentida e de revanche ainda mais forte e que a História do Brasil e do cone sul ajudou a formar.
Pouca gente sabe que no contingente da FEB que foi para a Itália não esteve o II exército ,sediado em Porto Alegre ,porque havia um medo real de ajuda aos alemães por parte do Uruguai e principalmente da Argentina,porque todos sabem que Perón era pró-Alemanha.
Os problemas do Império continuaram no século XX e estão aí até hoje.Também pouca gente sabe como estes países do cone sul foram colonizados e tornados nações unificadas:um massacre dos índios,ou seja,um genocídio,que visava aniquilar povos supostamente inferiores e permitir uma colonização européia “ pura”.Relembre-se o exemplo de Juan Manuel Rosas na Argentina.
Chile ,Argentina e Uruguai sempre se viram unidos com o sul brasileiro,agora menos(mais ainda)e no passado mais.E muita gente aqui pensa do mesmo jeito.
Estes espetáculos  de racismo que vemos nos estádios da Bolívia  e do Peru apontam para esta atitude ,de considerar o Brasil um país isolado diante da hispanidade,mais próximo da África do que da  América.
Igualmente, a maioria dos exércitos destes países teve inspiração alemã.O chefe das SA Ernst Rohm ,quando teve que fugir da Alemanha  por causa do fracassado Putsch de Hitler em 1923,exilou-se na Bolívia  e organizou  as forças armadas daquele país.
Tudo isto é para demonstrar que esta tendência neonazista no Brasil não é  nova,mas ela tem assumido proporções cada vez maiores  diante dos inúmeros problemas sociais que nós não conseguimos, ano após ano, resolver.
Como no passado,diante disto, a direita oferece uma resposta monista e emocional que tem geralmente guarida em muitos extratos da população, desesperados por estes mesmos problemas sociais(porque atingidos por eles).E quando eles se agravam,como agora,os elementos mais radicais da direita aparecem.
Eu tenho dito isto aqui inúmeras vezes.Quando do inicio do  mensalão   o Presidente Lula teve que fazer um acordo com os conservadores,e até a direita monárquica,liderada pelo príncipe herdeiro,pôs as mangas de fora.
Enquanto os Estados Unidos pensam em colonizar Marte ,nós vivemos em plena guerra-fria,numa dicotomia esquerda e direita causada pelos erros da esquerda no poder.E eu tenho dito que nestas horas a  direita tem mais chance de catalisar o desespero e comer o bife.
O neonazismo dos Estados Unidos está encastelado na direita americana.Não se iludam com Donald Trump e com estas propostas abstrusas,de muro na fronteira com o México,de culpabilização dos imigrantes,porque isto ele “ aprendeu”na ultra-direita americana,aeiou,os anglo-saxônicos,brancos,protestantes.Neste grupamento aeiou está o neonazismo americano , Ku-Klux  klan,esta porcaria toda.
Existe uma conexão entre o Brasil e isto?Uma das plataformas desta ultra direita é a de que se os povos do terceiro mundo não  sabem se governar é melhor que sejam colonizados.Margaret Thatcher disse, e  isto está gravado em vídeo,que se estes povos não pudessem pagar as suas dívidas deveriam ceder partes do seu território.
No final do Governo Bush pai apareceu um sujeito ,não sei quê Bell que defendeu a idéia de que os mais pobres não tinham  mais condição de aprendizado e que por isso o estado não deveria se preocupar mais com eles e que deveriam ser deixados às tarefas subalternas da sociedade.Mais:que a África tinha provado ser incapaz de se gerir,pelo quê deveria se fazer uma recolonização dos países africanos.Mais:que já que os africanos não evoluíam educacionalmente,era melhor(segundo ele)voltar à escravidão,porque era muito mais barato retribuir com um simples prato de comida a um trabalhador do que lhe dar um salário e assim os custos gerais da sociedade capitalista baixariam.Isto está num livro que o jornalista Paulo Francis gostava “ A curva de Bell”.
Quantas vezes se vêem  os sinais da História surgirem no horizonte e  a esquerda desdenha e acaba sendo tragada por cataclismos difíceis de superar.Aprendi a ser cauteloso.É lógico que  vão dizer que este artigo á falsamente alarmista,mas está claro que esta tendência existe desde sempre e que está procurando uma oportunidade para se aboletar.
Não sou eu quem diz ,mas Marcio Souza,o escritor amazonense,estudioso daquela região:há um interesse de jogar um mandato sobre aquele território em nome das necessidades ecológicas do planeta(que o primeiro mundo destruiu).Isto não está longe de ocorrer.Marcio Souza estuda esta questão a vida toda e é ele quem diz,seguindo o vaticínio do presidente Getúlio:se nós não controlarmos o nosso território extraindo as riquezas e servindo ao povo brasileiro,outras nações virão fazê-lo.
Eu sempre fui muito crítico com Leonel Brizola,mas a(minha)velhice põe as coisas nos seus devidos lugares.No final da vida,ao lado do Senador Jefferson Peres ,Brizola avisou que era muito preocupante que o Brasil tivesse muitos defensores estrangeiros,na área da Amazônia,da ecologia,dos direitos humanos.Eu pergunto e ele  certamente também:na hora H com quem estes estrangeiros ficariam e teriam e lealdade?Conosco ou com os seus países de origem?
O Brasil tem que ser defendido pelos brasileiros.
No dia em que a Amazônia cair nas mãos do primeiro mundo,não tenho dúvida de que a pressão separatista no Sul do Brasil será imensa.Eu não tenho provas disto,estou procurando,mas eu não duvido de que esta estratégia já exista por aí,por estas regiões trevosas da política.Estas conexões existem,pelo menos potencialmente.
Não há uma disposição separatista na Barra da Tijuca,que colocou uma estátua da liberdade lá no shopping?Que tem conexão direta com Miami e Orlando?Eles têm uma visão nacional brasileira?
A Barra da Tijuca não é uma cópia de um comportamento clássico de certos setores de Ipanema ,herdeiros de seus antepassados traficantes de escravos?O que mais se houve no centro de Ipanema é “ horror à miscigenação genética”!
Na hora H esta “ gente” não se unirá?E a esquerda?Sempre dividida e contraditória.

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