quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Pepe Mujica II



Todo mundo sabe que eu defendo a descriminalização do uso da maconha ,mas para fins de  controle e ajuda às pessoas que já não têm como voltar do estado de dependência,que já padecem com o  problema da abstinência.A minha posição já era de muito tempo e se  consolidou quando assisti o documentário do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre esta  questão.O modelo que eu repudiava era o que acontecia  na Suíça e depois passou para Portugal:escolhia-se  uma área,geralmente inóspita, de uma cidade(Lisboa),para as pessoas fazerem o que bem entendem.Não achava ( e não acho)isto certo.Meu conceito de  liberação não é este,mas o que eu vi no documentário,um hospital ,na Holanda,que recebia estas pessoas,vamos dizer,incuráveis(com abstinência),fornecendo as drogas,sob controle e  oferecendo ajuda psicológica,palestras,ajuda para arrumar um trabalho e outros  auxílios,me  convenceu.
Não tem sentido anatematizar a  pessoa que já se  encontra num estágio avançado de adicção.É hipocrisia.O mesmo acontece com o doente de câncer terminal.A droga,se alivia a  dor ,deve ser ministrada.Hipocrisia,outra atitude.
Eu não costumo falar em termos pessoais  aqui,mas neste caso vale.Se fosse  assim,como na Holanda,onde  hospitais dão esta ajuda,eu teria tido condições  de ajudar uma pessoa de minhas relações a  viver uma vida,pelo menos tranqüila, e com chance de  viver normalmente.
A pessoa iria  ao hospital ,tomaria a  droga,sem culpa,sem anátema, e se sentindo afetivamente  amparada,teria muito mais condições de tomar a decisão de abandonar o consumo,podendo até se reintegrar na sociedade,pelo trabalho.
Muitos vão dizer que a religião já faz isso,mas eu acho melhor não misturar estas coisas,porque além do problema da culpa,que impregna o ativismo religioso,existe,ainda que subliminarmente,uma  espécie de toma-lá-dá-cá,porque  a  religião joga com a possibilidade da pessoa se converter e  a  pessoa se sente ,no mínimo,pesarosa,de não fazê-lo,achando(errada e inconscientemente)que,por isso,está  traindo os seus salvadores.
Eu entendo que esta ajuda deve ser laica,preservando a  condição humana expressa na cidadania,da  pessoa com problema ,e  assim,sem este peso subliminar, ela pode  se levantar com mais calma e mais rapidez,bem como com mais  segurança para não retornar ao vicio.
No caso da liberação radical patrocinada por Pepe  Mujica,ainda que as intenções sejam semelhantes  a estas,eu vejo que a falta de critérios limitadores,acabará por fazer gorar este projeto,que é deixado na mão de   cidadãos  comuns,sem a participação do estado e da responsabilidade  social e coletiva que ele representa.
Eu duvido que numa das crises econômicas mais que possíveis no Uruguai(e  no resto do mundo[por mais que a gente torça para que não aconteça]),uma pessoa não vá vender o produto da sua plantação,para mitigar os seus problemas pessoais.Duvido.Duvido que traficantes  não apareçam por lá  para comprar estes produtos,devido às facilidades que esta liberação oferece.Aquele brasileiro que foi condenado à morte na Indonésia,escolheu este país,em que não existe o tráfico,justamente porque queria ganhar,dentro do critério da oferta e da procura,uma bolada( e ficar rico talvez[o que não aconteceu]{mas exatamente o contrário...}).
Então eu penso que esta decisão do ex-presidente uruguaio vai gerar inúmeros  problemas e se  quisermos discutir esta questão aqui no Brasil é preciso levar isto em consideração,ou liberação total e  pura e simples  não.
Além do mais  fica  claro que o problema da droga só será resolvido dentro de uma perspectiva d e colaboração internacional.

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