quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Algumas reflexões sobre política e futebol



Desde que o meu querido Fluminense  se  constituiu como o primeiro clube  a surgir  unicamente como de futebol,a  relação política/futebol  se iniciou nos seguintes   termos,até  hoje:
Desde Nínive,passando pelos romanos,num esforço de engenharia política,que uma  das formas mais  eficazes  de se unir corrupção,povo e  política é os associando ao divertimento das massas,para  criar uma mediação que  una   momentânea  e  falsamente todas as classes.
Foi   assim com o Coliseu,com as Termas de Caracala,com o teatro de  Shakespeare,com o Teatro de  Bayreuth,de Wagne,r e  assim continua com os eventos esportivos,cada vez  mais presentes  a partir do século XX.
As  discussões  sobre arbitragem,no campeonato brasileiro,no que tange a um suposto favorecimento ao Corinthians,que já  ocorreu,em 2005,nos servem de mote para  discutir  estas relações entre o esporte e  a política e daí a questão nacional.
Em 1902 o Fluminense reconheceu a realidade do futebol no Brasil e resolveu surgir somente como clube  dedicado a esta prática.Isto ocorreu porque já existia em São Paulo  uma prática definida e  constante ,na última década do século XIX.Contudo, São Paulo sempre  primou por  ter um interior muito desenvolvido,mas o Estado propriamente nunca foi  ressonante em todo o país.
A caixa  de  ressonância nacional do Brasil chama-se Rio de  Janeiro.Quando o Fluminense,repito,surgiu,as condições para o espraiamento do futebol em todo o país estavam dadas.Esta tendência se consolidou quando houve a cisão ,dentro do Fluminense ,que gerou,em 1912,o Flamengo.Questões de  organização foram o motivo desta separação.Um setor do Fluminense queria modificar os estatutos para permitir  um tipo de presidência mais pessoal,contra o que pensavam os criadores do clube das laranjeiras.
O fluminense  foi e é  um clube republicano típico,baseado numa rígida divisão de poder.Cada presidente se elege ,administra e depois sai.Todas as tentativas de mudar isto se  frustraram(presidente Francisco Horta).
Os  que fundaram o Flamengo fizeram com que este clube se tornasse  progressivamente o clube da massa,mas não só no Rio de Janeiro,em todo o Brasil,até hoje.O nordeste é integralmente rubro-negro,mas todo o Brasil também.
São Paulo nunca perdoou este fato,porque se manteve restrito ao seu interior.São Paulo é um Estado voltado para si mesmo.Mesmo quando no crescimento vertiginoso da década de 50,não houve senão uma repercussão relativa em todo o Brasil,até porque ,por  causa deste crescimento,o nariz empinado do Estado se tornou ainda mais arrogante,nascendo daí a rivalidade Rio São Paulo,que arrefeceu ,mas existe ainda.
De tempos em tempos o Estado busca tomar esta primazia do Rio de Janeiro,o qual ficou muito enfraquecido com a transferência da Capital para Brasília.Desde  então  tentativas  de  tornar São Paulo a  caixa  de  ressonância  se fazem presentes  e a melhor forma de fazer isto é usar o poder popular do futebol,mais especificamente,a popularidade do Corinthians.
Quantas vezes ouvimos dizer que o Corinthians superou em torcida o Flamengo?Quantas vezes já ouvimos a proposta de tirar a CBF do Rio de Janeiro?No tempo daquele iraniano incrustado no Corinthians se pretendia tornar o clube, internacional.
O futebol do Corinthians atual é incontrastàvelmente o melhor ,mas a sua conquista nunca fica  no plano esportivo,sendo sempre  uma oportunidade para os políticos de todos os (baixos)níveis  usarem o clube  e  a torcida.
Será que um dia se  São Paulo conseguir estas coisas,o Brasil se  tornará um país capitalista de fato,moderno e  competitivo?
O que eu sei é  que a pressão sobre o futebol  existe e  é preciso compreendê-la num sentido  político,que é o único.


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