segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Luciana Genro e a rejeição religiosa do mundo



Uma  das  categorias que demonstram as relações  históricas entre a  religião cristã e os  radicais de esquerda,nas mais diversas denominações(kkkk),,é  o conceito de revolução.
Max Weber,num livro importantíssimo,”Rejeições  religiosas do mundo”,mostrou como  as  seitas protestantes  amplificaram a  idéia  de que o mundo real é o lugar do demônio,da  perdição,o qual deveria ser rejeitado  pelo  fiel,na busca  pura  e  simples  da  relação com Deus.De casa pro trabalho e do trabalho pra casa(kkkk).
Mutatis  mutandi o conceito  de  revolução para os radicais de esquerda ocupa  um lugar semelhante na psicologia dos militantes.Ele  cria  a  impressão de que a vontade é  suficiente,depois da tomada  de  consciência  da exploração,para mudar a sociedade no sentido desejado.Tudo o mais na politica é  perfunctório,sem importância,diante desta  verdade.
Eu já  me referi no meu blog  sobre marxismo,à  relação entre Lassalle  e Marx.Num determinado momento Lassalle,do Partido  Social-Democrata alemão teve que negociar com o governo de Bismarck,para  não perder o contato com as massas,no que  foi asperamente  reprovado por Marx,que  rompeu relações  com ele.Segundo Marx esta atitude desviou  o povo trabalhador da  senda da revolução,o que é  verdade.
Mas o  fato é  que enquanto ela  não vem,o que  se pode  fazer para  ganhar ou manter as relações com as massas?Esperar a  revolução,virando as costas ao  cotidiano  de exploração,por  achá-lo,horrendo ,demoníaco,não é  permitir  que  os setores reacionários  tomem o lugar dos militantes?
Tanto Lassalle quanto  Deng Xiao Ping perceberam que enquanto  a  utopia  não vem,é preciso se relacionar,no cotidiano,com o mundo,com o trabalho,de modo a melhorar a condição dos explorados.Se isto  os desvia da  utopia,pouco importa,porque a  melhoria  destas  condições coloca os trabalhadores em maior  entendimento com seus representantes.A vida demonstra que deixar de lado o mundo,como os religiosos,joga  os explorados nas  mãos  dos exploradores.
Esta verdade  mostra  que a  idéia de revolução está  morta e que o melhor  é a  estratégia  de reformas,o movimento e não o fim,não importando a cor do gato desde que ele pegue o rato.
Dentro das minhas análises de conjuntura o pronunciamento anti-capitalista  de Luciana Genro mostra  que eu estou certo em dizer que a história se repete.Em frente  a esta bagunça  que  se tornou a  politica  brasileira,tinha  que aparecer o setor do radicais,que  acham que a  crise  é o vestíbulo da  revolução e que por isso,as conquistas passadas não importam,mas sim o ato de  vontade revolucionária anti-capitalista.Estes  radicais  não lembram(ou não viram nunca)que mesmo em Marx,há uma necessidade  de preparação politica para o momento da revolução e da tomada do poder.
Entre a resistência  ao mundo real e  a  ignorância  da  história e  da teoria ,o papel  histórico destes  radicais  é sempre o mesmo:preparar  a vitória  da  direita.

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