Ensino religioso de volta nas escolas
Em meio a
esta onda da direita e
do atraso temos
que falar um pouquinho
mais sobre o Estado laico.Já coloquei as minhas posições
em outros artigos e
são posições óbvias,mas
preciso ressaltar que na ocasião
falei que a religião apresenta dois aspectos, religião em si
mesma,sistema de valores e
o seu uso político
. Religião, eu disse,é a única organização de massa da
história e como tal ela é facilmente manipulável pela política em
todos os
tempos.Nesta intersecção os processos de
fanatismo são o cimento
para criar
guerras e agressões
que são objetivos de poder,não religiosos.
Colocado assim,
o meio de acabar com
esta intersecção é a atitude laica .que
é diferente do ateísmo
.
Ser laico
significa considerar a religião
como questão de foro
íntimo como disse Engels
,certa vez , no contexto da
Comuna de Paris.
Também já disse
num outro artigo sobre proselitismo que eu não aceito
proselitismo religiosa(e de nenhuma natureza )
nem em relação os filhos.
Historicamente os países que
conseguiram ,como a França por
exemplo,uma razoável laicização,progrediram muito,no
plano educacional,porque a liberdade
de pensamento,como a da criatividade,
cresce.O medo à divergência desaparece.O
retorno do ensino
religioso nas escolas brasileiras
é um tremendo retrocesso no sentido de
unir mais a religião com os
propósitos de poder que estão aí à vista de
todos.
O Brasil
que já é um país educacionalmente atrasado vi ainda
mais se isto passar.
O processo de
laicização que eu considero mais
conseqüente na história começa com Inglaterra de Henrique VII e
que deu no
que é hoje a Igreja Anglicana,o
modelo mais próximo do que eu
considero a função última da religião que é tem um papel de
orientação familiar , escolhida pela
família.
Mas o que
eu considero o ápice realizacional ,final ,da
laicização é o fim total do
proselitismo,da invasão de uma religião(ou de qualquer
pensamento) do
espaço de outra,do espaço laico e
da não crença ou crença
diferente.
Afinal as
igrejas protestantes foram aquelas que
colocaram a questão do chamado
como condição de abraçar legitimamente uma fé,
como um traço
distintivo em relação à " vocação
imposta" dos católicos, e que valeu até Pio XII.Mas
o que se vê
é um projeto de poder,que se estrutura
dentro de formas de imposição iguais em todas as denominações.Pedradas,xingamentos,maiorias
que querem ser mais importantes
do que a lei.
As igrejas
são ricas ,podem colocar cursos e catecismo para seus
fiéis,não tendo sentido haver ensino religioso nas escolas,até porque
,dentro deste espírito de chamado
interior,é a pessoa quem deve procurar a igreja
e colocar
A religião
no âmbito do Estado é torná-la obrigatória,maculando o principio da escolha.
Temo muito
que estes acontecimentos nas grandes
cidades,estes ataques às
religiões faro sejam de caso “pensado”,estratégias
da direita,cada vez
mais serelepe, para justificar
estas imposições.
Com o proceder
da Igreja Anglicana e
o não proselitismo nós lançaríamos um equilíbrio decisivo
entre o religioso e o cidadão, pondo a primeira em casa e o
segundo para resolver os problemas
práticos da república.
Nos Estados Unidos
há uma declaração de laicização mas
um presidente gay lá é impensável.Então lá não existe
república,mas,quase,um teocracia,que de
quando em vez desponta.
Como eu tenho
dito,o mais importante numa atividade política ,de esquerda, moderna, é construir um cidadão
modelo de fato republicano ,e esta é uma das
questões mais urgentes e decisivas,porque atinge
o nível das
consciências.Se isso passar
as consciências serão
manipuladas,como gado , por religiões
e projetos de poder particulares,ao arrepio da nação e a
coletividade.
Diante da
divisão política do Brasil nós estamos
correndo o risco sério
de um golpe
silencioso da direita,de um ditadura
de direita(se é que já não está em curso).
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