terça-feira, 2 de junho de 2015

A questão nacional IV



À  propósito  das  ações  destes  ex-comunistas  e  representantes dos  operários  modernos  da  indústria,que estão  hoje  no  PT  ou  encarcerados(em  casa),é  preciso  recuar  um  pouco  na  História  para  perceber,que  a  despeito  dos  conselhos  dos  revolucionários  para  que os  militantes  tenham  abnegação  pelo  mundo do  trabalho,nós  vemos  ,durante a  passagem  do tempo,que  esta  abnegação  foi  substituída  não  raro por  interesses  pessoais.
O  primeiro e  mais decisivo  momento  foi  quando  se formou a  chamada    aristocracia  operária”,no  século  XIX,como  decorrência  do  neo-colonialismo.Aliás,depois  da  Comuna  de  Paris,as  elites  européias  se voltaram  para   partilha  da  África,para com  os  recursos da  pilhagem  cooptar a classe  que havia  se  sublevado  em  1871.
Também  com  as  benesses  do  desenvolvimento  científico-tecnológico,melhormente  distribuídas,a  classe  operária  foi  ao  paraíso.
Hobsbawn,em  Sua  “ Era  do  Capital”  mostra  que  se alguém  perguntasse à  maioria  dos operários  franceses  ou  ingleses  sobre  se  eram  solidários  com  os explorados dos outros  continentes  obteria  uma  resposta  muito  diferente  na  medida  em  que  achavam que era  perfeitamente  legitimo    civilizar”  estes  povos.
A  esquerda  operária  sempre  foi  elitista,enquanto  sempre  se  achou(  e  é  assim  até  hoje)como    vanguarda  da  Revolução”,da  mudança.Eles  sempre  foram  os  eleitos.O  trabalhador  produtivo,o  único ,no  entender  dos clássicos  da  esquerda.
Como decorrência  de  que  somente  duas  classes  existiam  no  século  XIX,burguesia e  proletariado,a  luta de  morte  colocava  sobre  os  heróis  da  classe operária  este    direito”  de ser sentir especiais.
Com  o  tempo e  o  fracasso  da “  revolução”  um  outro tipo  de  concepção vanguardista  aparece ,no  rastro,inclusive,do surgimento das  pequenas  burguesias,no século  XX:já  que  os  operários  não  nos seguem ,danem-se  eles,nós  fizemos  o possível e nós  somos    a vanguarda,mas  também a  destinação  do processo  revolucionário.
Isto  significa  que enriquecer  é  alcançar  aquele  progresso  que se  esperava,que  progredir individualmente  é    o progresso coletivo.isto é  uma  identificação  inesperada  com  o pensamento liberal.
Esta tendência  é  mais forte  ainda  no  Ocidente e  depois  do    melhorismo” o descompromisso real  com os  sofrimentos  alheios  dá lugar  sim  ao  hedonismo egocêntrico,ao  momento  egoístico-não passional(mas  prazeroso  e confiante)de  quem  se  sente  o  meio  e o fim da revolução.
Por  isso  não  me  surpreende  esta  conduta  do  PT.Já  um  partido  a  meio caminho  do  passado  radical  e revolucionário da  esquerda  e  tendo  diante  de  si  um  capitalismo triunfante  ,esta  translação  em  direção  ao    desbunde”  era  natural.Então  assistencialismo(chá  de caridade  vermelho)  vira    revolução”,projeto  eleitoral,vira  projeto  nacional e ignorância  virtude.

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