Um outro
caso de reinterpretação modernosa
do passado é o nosso Tiradentes,que agora é visto
como “ separatista”.Nos festejos
recentes ele foi taxado como tal,porque só agora a mídia
absorveu aquilo que todo mundo já
sabe há muito tempo:que a
concepção que Tiradentes tinha do
Brasil era totalmente
diferente da que temos
hoje,esta última que só começou a
se formar depois da Guerra do Paraguai.
Tiradentes e os
Inconfidentes pensavam em libertar(e
enriquecer com o ouro
de Vila Rica)somente Minas e Rio-São Paulo.Eventualmente alguma
fatia a mais do império dos Bragança seria,se possível, anexada.
Contudo ele não
pode ser considerado separatista
porque separatista é aquele
que tem uma
visão de um país
formado e quer
tirar dele uma
parte,conscientemente.
Eu admito
que movimentos da época
do império ,como os farrapos e
a Confederação do Equador o
possam,mas também com ressalvas,porque também eles
não tinham esta
visão de “
nação brasileira”.
Nós
encaramos os movimentos acima como
separatistas porque eles já eram
republicanos e com
uma visão universal da república.Mas
a Inconfidência não
era?Era,mas ela era
anti-colonial e os movimentos
supra-citados já pretendiam
criar uma nação,não
necessariamente um “
Brasil”,mas um Estado
republicano separado do império
brasileiro,da monarquia dos Bragança.Os
farrapos(e o império)
tinham o olho mais
no Uruguai do que no
norte ,por exemplo.A
Confederação queria uma aliança com a
Colômbia e a Venezuela.
O que nós chamamos
de Brasil,começou cultural,simbólica e psicológicamente com a
vitória da monarquia contra o Paraguai
e alguns historiadores
dizem mesmo que sem esta vitória o Brasil
continuava correndo o risco de
desmembramento(como corre hoje[sul do Brasil]).
Para contraditar
este mérito do Imperador
Pedro II a república
brasileira moderna,fundada em
1870,com o Manifesto Republicano ,trouxe o mito de
Tiradentes,nos moldes a que
nos referimos,mas de fato a História
do Brasil é assim.
Para mim as duas
figuras que se
identificam ,pelo seu trabalho
e contribuição, com O
Brasil ,são o Marechal Rondon
e o Barão do Rio Branco(Depois
tratarei deles).
Tiradentes funciona
como um elo emocional que nos lembra
da necessidade socrática de
morrer em nome da própria
consciência e de ser anti-colonial,como diz a
frase de Barbosa Lima
Sobrinho,vista agora com limites:”No Brasil só existem
dois partidos,o de
Tiradentes e o de
Joaquim Silvério dos Reis”.
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