segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Liberdade e linguagem II



Liberdade  e  linguagem  II
Não  vou  entrar  aqui  na  questão  do  que  é  a liberdade,isto  é  assunto  para  depois.O  que  eu  quero  dizer  é que,hoje,não existe  liberdade  sem consagrar a  afirmação do sujeito  pela  linguagem,a  liberdade  de expressão e  depois  de  Freud,a  liberdade,no  mínimo,só  existe  havendo  consciência,autoconsciência  da  inadequação  do sujeito diante  do mundo.
O  grau  de consciência  do  sujeito  joga  um papel na sua  realização.Para  mim a  dicotomia  supradita entre intocabilidade(sagrado)/violação  é  que  marca  pelo  menos  um inicio  criteriológico  válido  para  analisar   aquilo  que  é  manifestação  do  pensamento e  aquilo  que é  dano.Dano  é  violação,intocabilidade é  liberdade,enquanto  valor  subjetivo.Desde    digo  que  não há  nesta  dicotomia  possibilidade  de qualquer  troca do  tipo  intocabilidade/violação=morte.Não    justificativa  de morte  em  qualquer  forma  de transgressão,por  qualquer  critério que  se  tenha.Também  é  outra  discussão,para depois.
O  que  discutimos  agora  é  o que  é  liberdade(de expressão) e  atentado  à  liberdade.O  caso  é  que  ninguém  pode  estabelecer  para  si ou  para seu  contexto  uma  sacralidade sem  critério.
Vejamos  a  religião.Me  ofende falar do sexo de Nossa Senhora  em  termos  chulos,mas  isto é   atentado  à minha  intocabilidade,à  minha  intimidade?É  uma  violação?Por  que não?
Porque  o  sagrado só  pode  ser  definido  como escolha  humana  baseada  em sentimento  humano,o  qual,por  si,não  tem  legitimidade  para  se  colocar  como tal.Por  um princípio  de justiça a  crença  na Imaculada  Conceição  não  é  mais  sagrada  do  que a  minha  autoestima.Isto  é  escandaloso porque  para  o crente  trata-se  de  Deus e  ele é  intocável,mas para quem  não  é  crente,Deus  não  é  mais  do  que  a  autoestima.Da  mesma  forma  que  não posso  me  referir à  vagina  de Nossa  senhora  ,posso  exigir  que  não  falem  da  minha  barriga.
Mas uma barriga é um critério de autoestima tanto quanto a virgindade?Claro que não mas vejamos:uma barriga não fere a autoestima,mas tomar uma pessoa por sua genitalidade é violação.Então porque não considerar a associação do profeta Maomé com o sexo insultuosa?Além do mais que a relação de pureza do crente ajuda-o na sua autoestima e esta à sua saúde,porque não considerar a sátira como dano?
Porque não é uma relação real.Pessoas que cometem estes atos de violência a partir de dogmas se baseiam em sagrados sem fundamento,a  não ser a  sua   confiabilidade.É o senso de missão,que  deriva  da  crença,  o  maior  impulsionador  destas violências terríveis.
 que  respeitar a  honestidade,da  relação  de si para  consigo  mesmo,mas  nunca  esta  relação  pode ser imposta.O  crente  não  pode alegar  que  a  sátira  à  sua  crença é  ofensiva  porque  a crítica  se  dá no  nível humano dos  valores.Eu,como crente,não  tenho  o  direito,de tornar os  meus  valores  intocáveis  enquanto humanos.
Aqui  no  Ocidente  existem  formas  de  dogma,que no cotidiano  são  uma  forma de atentado  à  liberdade:90 %   dos  casos  de exorcismo  escondem  incesto e pedofilia,crises  histéricas  são  “ resolvidas” por   crucifixos e  água  benta e  deveriam  ser  proibidos.
O  fato  é que  vivemos num mundo  fundamentalista e  é preciso  encontrar  formas  cotidianas  de acabar com  ele.

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