Uma das
grandes verdades da
história da humanidade
é que é
difícil,senão impossível ,
unir numa mesma
pessoa o intelectual
e o político e
eu não vou
discutir neste artigo
porquê.Vou me ater
ao fato das conseqüências
maléficas de algumas
tentativas causarem espanto
e até riso
nas pessoas.Ou algo
mais trágico.
Quando houve a
nova política econômica,patrocinada por
Lênin na URSS,pela
qual haveria uma
liberação capitalista do
processo de produção ,de modo a
permitir que os
camponeses tivessem lucros
maiores ,depois do comunismo
de guerra,o chefe da
revolução enviou o
seu pupilo Bukharin
para explicar aos
mesmos camponeses que era
permitir ter lucros,para
inclusive o camponês
poder viver melhor e beneficiar
,com os
tributos,o estado soviético.
Bukharin foi a
uma reunião e
lá pelas tantas disse
uma frase que
seria fatal na sua
vida e que usada
anos depois por Stálin
, ajudou a matá-lo:” enriquecei-vos!”,em plena revolução
proletária russa.Bukharin passou
a ser um defensor da
burguesia...
O problema
é que todo
intelectual busca desesperadamente a verdade,a
confirmação de suas teorias,mas isto não
se coaduna bem
com a política.A política
não se entende pelo falar dos
políticos,mas pelo não-falar
.Se define pela
ação e pelo
pensamento.Algumas correntes de pensamento
na história,inclusive o marxismo,tentaram mudar
esta verdade.O falecido
Tancredo Neves ,em contato permanente ,na época
da redemocratização,com os comunistas,ficava impressionado
como os mesmos
explicavam qualquer coisa
até à exaustão.Nem sempre explicar demais significa
discernimento,que é o verdadeiro
conhecimento.
O
ex-presidente Fernando Henrique
demonstra novamente como esta
relação político/intelectual causa
riso e dano,até fatal.Ao dizer
,como sociólogo,que o voto
dos nordestinos em Dilma,revelava que ela tinha
um eleitorado menos esclarecido,jogou os
indecisos daquela região,todos,no colinho
da Presidente.Além do mais
gerou um mal-estar
quanto à possibilidade
de nesta fala haver
um preconceito,ainda que
indiretamente.
Ora ,tenho
certeza de que
muitos vão dizer
que os políticos
precisam dizer a verdade e não ocultar
o que pensam,mas
em política há
que ter noção quanto
ao papel da verdade.Ainda
que fosse verdade
isto,que culpa tem
o nordestino de querer votar
numa presidente que cria
o bolsa família,um
dispositivo assistencialista que
ajuda a minimizar uma
situação de miséria?Isto não
é legítimo também?Porque o
nordestino estaria trocando o seu voto por
comida,se ele precisa de ajuda?Isto
não é legítimo?Quer
dizer que a
Presidente faz chantagem com
o pobre?O melhor
era tirar a ajuda
e deixá-lo em situação pior?Não
se vê por este exemplo que a
verdade é complexa?
O que faria um
intelectual mais vivenciado diante desta
complexidade?Entenderia que apesar
das possibilidades de
chantagem política ou
pouco esclarecimento quanto a isso,não
justifica tratar o nível de consciência das
pessoas como defeito,mas algo a
se modificar.
Isto seria
uma perfeita união entre
o intelectual e o
político,mas é uma verdade
que a vivência dos
intelectuais não passa
da leitura.É
necessário,obrigatório, ao intelectual
andar na rua,senão ele
comete estas gafes que
ajudam o seu
pensamento a ser derrotado e
formam mais elementos de preconceito,num país já
tão
pleno deles.E não existe político
sentado.