quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O problema das monarquias





Amigos  eu  fiquei  tanto  tempo  envolvido  com  política  que    agora  eu  posso  fazer  um comentário diverso  ao  da política  brasileira.Este  problema  me  enseja  defender a tese  de  que  o  conceito  de república  é  revolucionário,como defendi  em  meu  primeiro  livro  “ O  republicano,que  ainda  pode  ser  comprado  pelos  leitores,aqui  mesmo  comigo.
A  monarquia no  seu sentido  histórico  arcaico  deixou  terríveis  marcas  na  humanidade,inclusive  nas  repúblicas modernas,que  são  mais  monárquicas  do  que muitas  monarquias.

Hoje,no  mundo,a  percepção  é de que  o  que deve  predominar  é  a  soberania  popular.Não  é  em  todos  os lugares  que  isto  acontece,mas  mesmo em  teocracias  como  o  Irã  o  pragmatismo  da  política  considera este  conceito  na  hora de governar,embora  nem sempre e  de  forma  manipulatória.
Uma  das razões  da  luta  do  republicanismo clássico  contras  as  monarquias  do passado  é  que  a  soberania  popular protegia  o  cidadão  da  pior  conseqüência do  estabelecimento de uma  monarquia,qualquer  uma  e  depois  mais  radicalmente,as de  direito  divino.Quando  estas  monarquias  foram  fincadas  na  História os  reis  criaram  sistemas  de suborno,repressão e  burocracias  intocáveis para  se proteger,ou  melhor,proteger  os  interesses particularísticos de  seus  apoiadores,geralmente  parcelas   de elites  diminutas,mas  endinheiradas , da  sociedade.Este  escudo  protetor  se  voltava  contra o  povo nas  horas  em  que  este  queria  ser  ouvido.Foi  assim  na  Revolução  Francesa,nas  revoluções  do  século  XIX,do  domingo  sangrento  na Rússia  e  assim  sucessivamente.
Uma  das  reações  republicanas  modernas foi  o  princípio  liberal  americano,segundo  o qual  o  cidadão  não  tem  nenhuma  responsabilidade em relação ao  estado,podendo  se negar  a servir  ao exército,por  exemplo,podendo  se  colocar  em  armas  contra  este  estado  republicano,invasivo.
Tirando  o radicalismo  desta  posição,que  hoje  está  um  pouco amainada,de modo  geral,na  média,o cidadão  do  mundo  moderno entende  que  o  poder emana  do  povo e  que este deve  ser respeitado.
Não só a soberania  popular predomina mas a  idéia  de  república,de estado de  direito.Mesmo   as  monarquias se  submetem a    estes  critérios  republicanos.
Ainda  me  lembro  quando,na  faculdade  de  direito,fiquei  chocado  com  a expressão  pelo  cientista  político Paulo  Bonavides,em  relação  às  monarquias  republicanas  modernas.
Existem  monarquias  que são  mais  republicanas de fato,do  que  as repúblicas  da  América Latina.É assim com as  monarquias da Europa  do  norte,a  república  espanhola.A  monarquia  inglesa  é  discutível...
Tal  não acontece  com  a  monarquia  no  Brasil,na  América  latina e na República  Siria,que  parece  ser  governada  por  uma família,pai  e filho,uma  dinastia  de fato,conceito  que  entra  em  contradição  com  o  nome  república.
  A  questão é  evitar  que  governos  se prolonguem de  modo a  evitar  que  se  formem  aqueles escudos  de repressão de que  falei  e que  surgiram nas antigas  monarquias,mas  que  permanecem  nestas  repúblicas  monárquicas(o  termo  é  meu...)  de  hoje(Chaves).
Certa   vez  o  extraordinário  índio  zapoteca  Benito  Juárez,republicano fundador  do estado  mexicano  moderno,confrontado  por  seu  auxiliar  Porfírio  Diaz(futuro  ditador  do México)que  queria  que  ele se  tornasse  um  ditador,deu  uma  lição de  republicanismo.
O México  tinha  sido  invadido  pelo  Imperador  austríaco  Maximiliano,e  Juárez  e Diaz  lutavam  contra  esta  imposição  monárquica.Quando  Diaz  aconselhou a  Juárez a  se  tornar uma  espécie  de Imperador,Juárez  disse,e  isto  é  válido  hoje:”perceba  Diaz  que a  republica e  a monarquia  são  diferentes:na  monarquia  quando  o  governante erra ele  muda  o  povo;na república,com a divisão  que lhe  é  característica ,quando  o  governante  erra  ,o  povo  o  muda”.
Algumas  repúblicas  modernas  repetem os erros  das  monarquias,porque  famílias de governantes  ficam  no poder  indefinidamente,construindo através da  corrupção,um poder,que  quando  o  povo  não  mais  quiser não  terá  como  mudar,a  não  ser  pela  violência  e    os  governantes fazem o que  sempre  vemos,a  sua  destruição.

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