segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Perigo à vista.



Hegel  afirmava  que no auge  do desenvolvimento  de uma  tendência  ,era este o  momento  propicio  para  ela  começar  cair.
Todos comemoraram  o  fato  de  a  nossa  democracia  ter atingido  um ponto  que  nunca tivera  antes.Por  isto mesmo e pelas  coisas  que tenho dito  aqui,vejo  enorme  perigo  nestes próximos quatro anos e na  eleição  de  2018,porque ela  pode significar  uma base inicial para  a sua consolidação  definitiva,ou...para  cair.
Já falei antes,em passent,sobre isto,mas  diante  das  manifestações francamente de  direita que tem acontecido,pedindo abertamente  a intervenção militar,não posso  deixar de aprofundar o tema.
Antes que  alguém aí  diga  que isto não  tem  importância,que  eu  estou  fazendo alarde  por  interesse pessoal e,no fundo,repercutindo  a  direita,como   ela  quer,eu digo  que  quem  conhece  história do Brasil  sabe que  não se  deve  subestimar movimentos  deste  tipo.
A  história  é conseqüencial.Os  próximos  passos  podem  significar arrefecimento  destes  arroubos  e assim  espero,mas  enquanto eles estão aí é preciso analisá-los  e se  preparar  para eventualidades.
Ninguém  vai  negar  que existe  uma contraposição,provocada  por  ambos  os  lados,o  do  PT e  o  do PSDB.Grande  parte da culpa  da dificuldade  em  fazer o referendum  ou plebiscito é do PT ,que vem  agindo,embora  negue,por  dentro do estado,numa  postura  semelhante  ao  chavismo.Tal semelhança  serve  de espantalho para a direita,que vem aterrorizando  com  a possibilidade  de golpe.O plebiscito  como norma constitucional  brasileira é  enfraquecido por  estas  duas  ações,do  PT  e da  direita,mas  a  iniciativa  errada  é  do  PT,que dá  a entender que  o plebiscito legitimaria  mais  o seu governo do que a vontade do povo,e,no  final  das  contas,isto tudo enfraquece  a  constituição.Forças  externas  e internas  desmoralizam  o  estado de  direito  brasileiro.
Ocorre que há muitos anos,desde que  Alckmin  adquiriu força  no PSDB,este partido  vem pendendo mais e mais   para a  direita,o  que reforça  a chance  de confronto.O discurso pós-eleição  de  Aécio foi muito  pouco  produtivo em desautorizar   um  terceiro turno ou uma  desqualificação da vitória de Dilma.
Não acredito  que  Aécio  pense  numa desestabilização,num  golpe,mas há que ver  que o  PSDB tem revelado  uma  omissão  muito grande quanto  à  defesa  da  democracia,de vez que quer  apenas ser  uma  alternativa de governo,quando,na  verdade,deveria  se portar  como alternativa institucional,diante do continuísmo.
Não ficou  bem  claro para ninguém o que o  PSDB  entende por mudança.Aécio  ficou o tempo  todo  dizendo  que  manteria o bolsa-família,na  defensiva(outro erro que o levou à derrota).
O  fato é  que dentro deste contexto de confrontação,insuflado  pelos  dois  lados,a falta de uma reforma política joga sobre os partidos a tarefa de propor e fazer  estas mudanças,mas  se  eles permanecerem  neste  jogo,em vez  de orientar o  processo político para  calmaria das  resoluções,vamos  colocar  gasolina  para apagar o fogo.
Aécio se  tornou  imbatível  em  2018,com os candidatos que  estão aí.Dilma,pela lei,não poderá  se reeleger e  Temer e nenhum  outro peemedebista  é  páreo  para  ele.
O chamado lulopetismo,irresponsàvelmente,  desestabilizou Dilma,colocando  a volta  de Lula no horizonte  ou,pelo  menos,mantendo  a  sua influência  excessiva.E o PSDB se colou à  direita.
Aécio tem que  se lembrar  de  seu avô  e pensar que  esta  é a  hora de  ,através  dos  partidos colocar a democracia  num patamar mais seguro e isto ele  só conseguirá se colocar o PSDB  no  caminho  certo  da centro-esquerda,voltando com um programa  social mais moderno,alternativo ao assistencialismo,que  esta é  a mudança  real que  a  sociedade quer.É acrescentar  a classe  média ao  processo político-social.É novamente tentar recuperar  o projeto  moderno da social-democracia,que desde 1980 parecer ir ,mas  não  vai.
Se  ele  não ocupar o centro a  confrontação é inevitável,com conseqüências  de risco  para  a democracia.

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