terça-feira, 11 de novembro de 2014

Os ricos são maus,os pobres são bons. Consciência de classe

Na  relação  entre  as  classes,pode  haver  de  tudo.Não há relação  entre  caráter e  classe.Também  não  é  necessário  acabar  com  as  classes  para que  a  essência  humana  bondosa  se  realize.A  bondade,o  bem,estão  se fazendo  e  se  destruindo todos  os  dias. Não  é  verdade  que  a burguesia  pura  e  simplesmente  vai decidir ,de  repente,entregar  o  poder  aos  trabalhadores  e  tudo  fica  bem. O  sistema  capitalista,como  todo o sistema  de  classes , é  essencialmente  resultado de  transformações históricas  complexas,não uma  conspiração  contra  o  antigo regime  para a implantação  de outro.Não  é  uma  conspiração  de homens  maus  para escravizar  os bons  ou  incautos. Uma  das  questões mais  importantes  do  chamado  teatro político de Brecht é  não  cair  no maniqueísmo,na  vitimologia  dos  pobres,mas  mostrar  como  as  relações  de dominação  se  formam,crescem  e se estabelecem  permanentemente ,e  daí,tirando  as conclusões,propor  a  saída  política. É  repetir  ,no  mundo moderno,a  famosa  dialética  do senhor  e  do escravo,base  filosófica  da  transformação da  idade antiga   em idade  média,com a  substituição  do escravo  pelo  servo. Quando  o escravo  grego  adquiriu  na  sociedade  romana  foros  de importância  por  sua cultura  e sabedoria,a  barreira  que separava-o  do seu mestre  ruiu,porque  ele  é  quem  era o  mestre,não o  senhor. Depois da  Revolução  Francesa,os modos  pelos quais a humanidade  transforma  as suas  relações  foram  tidos  como  subalternos  diante  deste  processos  cataclísmicos,arroubos  de  consciência  coletiva  aparente,que resolviam  todos os problemas (ou destruíam  tudo e  criavam  outros). Na época  de Napoleão  a  burguesia tomou  consciência  das  imensas  possibilidades  de transformação  dos governos  a partir  de  sua atuação  como classe  do  capital,mas  na época  da  acumulação  primitiva isto não  era  tão  percebido  assim,não era  tão  claro.E  se  a  acumulação  parasse,isto não  significaria  volta  ao  feudalismo ou  ao  mundo  antigo  como uma  leitura tacanha  poderia  sugerir. Assim sendo ,a  compreensão e  solução  das  enormes  desigualdades no Brasil e  nos outros  lugares  depende da  democracia  como regime  que  confronta estes antagonismos  de forma  clara.Mas  é  absolutamente  imprescindível  que este  confronto  civilizado  se faça  da maneira mais clara,mais transparente e dentro  das  relações  de  justiça.É  claro  que esta é  maior  dificuldade,  a  que  atrasa  as  mudanças  em direção à maioria  da população e  num  movimento  dialético  esta  maioria  pode  fazer valer  os seus  direitos   e valores se  souber  transformar  maioria não em  força  ,mas  em  idéias  e em inevitabilidade  política para a sua  implantação.Se a  política,se  o  Estado forem  feitos  em nome    dela,da maioria(de  todos), e não com estes  ruídos e perversões que estamos vendo sempre  diante  de nós.

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