quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Usurpação,eleições e democracia brasileira





Diante  das  recomendações para  um  bom  voto nas  próximas  eleições,sinto  necessidade de discutir  a adequação entre  o  discurso  democrático  e  a realidade,aliás  condição  de  desenvolvimento  deste  sistema de governo.
Em  primeiro  lugar  é  preciso  entender que  quem  escolhe  os  candidatos são  os partidos e  eles,como sabemos,escolhem  muito  mal.O  primeiro passo,pois,para  fazer esta  adequação ,é  que  os  partidos  se  afinem com  o  conceito popular  de que  os  candidatos devem ser    ficha  limpa”,de político capaz  e sem  corrupção.Coisa  que até hoje  nunca aconteceu,no  que é  também a  primeira  discrepância,a  primeira  usurpação  do  poder soberano  ,que  é  do  povo,conforme  a constituição.
Este  primeiro  vício  de  origem  gera  todos os  outros.
Quando  os  cardeais  se  reúnem  no Vaticano  para  eleger  o novo  papa,eles  fazem um “  conchavo”,termo  que  vem  do latim “  cum  clave,”  com  chave”,referência ao ato de fechar com   chave  o local  do  conclave.
Isto  é  um  tipo  de política que  se chama  de  conchavo e  neste  contexto  ela  é  legítima ,porque  é corporativa,sem  referência  à soberania  popular.
A  política  comum,cotidiana,é  diferente,porque  ela  se liga a  esta soberania e tem que  ,obrigatoriamente,expressá-la.A  formação de  corporações  nos  parlamentos é  usurpação ,ditatorial,do  poder soberano  do povo.
Quem  não  se  lembra,ano passado,como  conseqüência  direta  das  manifestações,a  convocação ,na  assembléia  legislativa  do  Rio de Janeiro,de uma CPI dos  ônibus,por  parte  de um deputado,o  qual  foi imediatamente  tirado da  presidência por uma maioria financiada  pelas  empresas  de ônibus?
Eu,que  votei  neste deputado,me  senti,como cidadão,usurpado em meu direito de ver  a  sua iniciativa   ser respeitada.
A  democracia  não pode subsistir  com o voto de líderes,por cima,e  por  maiorias que não discutem nada,nenhum dos conteúdos propostos,mas segundo  interesses previamente e estabelecidos.
Este desvio,este  vício de  origem,descaracteriza a democracia,que é  vista,por muitos,só  como  eleição,quando ela é  mais do que  isto.Ela  é o direito  de eleger,mas de ser  eleito e  ser escolhido  pelos partidos,segundo os critérios  de idoneidade  que  o  povo exige.
Democracia é  obedecer integralmente  a soberania  popular  e com estes  conchavos  o  que  temos  é um projeto de democracia,como de república,federação,constituição e assim  por  diante.
Diante  das  propagandas,que  não levam  em  conta  estas  discrepâncias ,fico  pensando,se esta  evidente  ilusão  é  intencional,psicótica,cínica  ou  revela  a  incapacidade de nosso  país d e  se ver como é realmente.
O  discurso não se adéqua  sempre à realidade  e   a democracia   só vai ocorrer  ,de fato,no  Brasil,quando  esta adequação vier , e mais:que isto deve  ser  a (auto-)consciência do cidadão,principalmente daquele que faz os anúncios,pensando  naquele  que  o  vê.


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