Diante das
recomendações para um bom
voto nas próximas eleições,sinto necessidade de discutir a adequação entre o
discurso democrático e a
realidade,aliás condição de
desenvolvimento deste sistema de governo.
Em
primeiro lugar é
preciso entender que quem
escolhe os candidatos são os partidos e
eles,como sabemos,escolhem
muito mal.O primeiro passo,pois,para fazer esta
adequação ,é que os
partidos se afinem com
o conceito popular de que
os candidatos devem ser “
ficha limpa”,de político
capaz e sem corrupção.Coisa que até hoje
nunca aconteceu,no que é também a
primeira discrepância,a primeira
usurpação do poder soberano ,que é do
povo,conforme a constituição.
Este
primeiro vício de
origem gera todos os
outros.
Quando
os cardeais se
reúnem no Vaticano para
eleger o novo papa,eles
fazem um “ conchavo”,termo que
vem do latim “ cum
clave,” com chave”,referência ao ato de fechar com chave o
local do
conclave.
Isto é um
tipo de política que se chama
de conchavo e neste
contexto ela é
legítima ,porque é corporativa,sem referência
à soberania popular.
A
política comum,cotidiana,é diferente,porque ela se
liga a esta soberania e tem que ,obrigatoriamente,expressá-la.A formação de
corporações nos parlamentos é
usurpação ,ditatorial,do poder
soberano do povo.
Quem
não se lembra,ano passado,como conseqüência direta
das manifestações,a convocação ,na assembléia
legislativa do Rio de Janeiro,de uma CPI dos ônibus,por
parte de um deputado,o qual
foi imediatamente tirado da presidência por uma maioria financiada pelas
empresas de ônibus?
Eu,que
votei neste deputado,me senti,como cidadão,usurpado em meu direito de
ver a
sua iniciativa ser respeitada.
A
democracia não pode
subsistir com o voto de líderes,por
cima,e por maiorias que não discutem nada,nenhum dos
conteúdos propostos,mas segundo
interesses previamente e estabelecidos.
Este desvio,este
vício de origem,descaracteriza a
democracia,que é vista,por
muitos,só como eleição,quando ela é mais do que
isto.Ela é o direito de eleger,mas de ser eleito e
ser escolhido pelos
partidos,segundo os critérios de
idoneidade que o povo
exige.
Democracia é
obedecer integralmente a
soberania popular e com estes
conchavos o que
temos é um projeto de
democracia,como de república,federação,constituição e assim por
diante.
Diante das
propagandas,que não levam em
conta estas discrepâncias ,fico pensando,se esta evidente
ilusão é intencional,psicótica,cínica ou
revela a incapacidade de nosso país d e
se ver como é realmente.
O discurso não se adéqua sempre à realidade e a democracia
só vai ocorrer ,de fato,no Brasil,quando
esta adequação vier , e mais:que isto deve ser a
(auto-)consciência do cidadão,principalmente daquele que faz os
anúncios,pensando naquele que
o vê.
Nenhum comentário:
Postar um comentário