quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Nós e eles-quem é elite no Brasil?



Não  se  pode perder  de  vista   que,num  país  republicano como o  Brasil,de divisão  de poder e  de muito  preconceito  de  toda  a natureza  no cotidiano,a  introdução  de   conceitos  políticos,do  tipo  quem  é  de elite  e  quem  não  é,é  algo muito perigoso,pois pode fomentar  muitos  outros preconceitos  e exclusões,não sem  ampliar  os  que já existem.
O que é elite?No sentido histórico e sociológico  do  termo,elite  eram aqueles  que  governavam  a  sociedade,a partir  de  sua posição  social  de classe,como acontecia com  a  aristocracia  e  com a  burguesia.No caso  da aristocracia,ela velava   pelos  princípios  de organização  das monarquias,os seus valores  fundantes.No  da  burguesia,esta  sustentava  economicamente  as  nações,mas também  os  valores  republicanos(de modo  geral,mas  nem  sempre,pois  havia  monarquias constitucionais)que as  fundavam.
E como Marx  ressaltou,a  burguesia é a primeira classe ,na  história ,que  propõe um projeto,de  cidadania,para  todas  as outras  classes .Ainda  que  as  tentativas  de superar a hegemonia da  burguesia tenham  alcançado  enorme  repercussão  nos dias de hoje  até,o  que ficou  é a certeza  de que  o único  anteparo  para  as  violências cometidas  pelos totalitarismos  de esquerda e de direita,que  oferece,pelo menos,uma  via  de reparação,é  a cidadania,que,no mundo moderno  é  criação da burguesia,embora muita  gente  de esquerda no  Brasil não  o saiba ainda.Aliás, muita  gente  de  esquerda pede,muito justamente,reparação pelos crimes  da  ditadura,mas  intimamente ainda  acha  que  a  revolução  deve  ser  feita  contra  o direito  e  a cidadania.Deixando  de lado  isto,nós  vemos  que  quando na  atual  campanha eleitoral presidencial se diz  que um  candidato  é  da elite e o  outro não,eu  tremo,porque  é como se houvesse  a possibilidade de alguém  excluir  a mim,como a outros,da  cidadania,da minha condição  de brasileiro responsável.Sinto-me  culpado  de não ter  passado  fome e por  isto estar supostamente do lado dos exploradores,das elites.Conhecendo  bem  ,como conheço,  a esquerda   que  emite  estes conceitos,  verifico  que aqueles  antigos  princípios tidos como ultrapassados estão  aí com  uma  roupagem aparentemente nova,mas que induz   às  mesmas  formas  de exclusão  e  responsabilização  quanto aos problemas  do Brasil,sem o mínimo  critério,atirando culpabilidades  a  esmo e  demonstrando  a continuidade da ignorância  e despreparação   históricos desta  esquerda,que até hoje  não sabe  da origem deste  conceito  moderno de cidadania  e que levando-o em consideração ,como ela  o  faz,não provocaria outra conseqüência   senão  o de reviver uma  visão  de classes,pela  qual uma   única  se responsabiliza sozinha pela  sociedade inteira.Elite  hoje é quem se responsabiliza  por ela,e este  é o cidadão.Não  o  operário,o  aristocrata,o burguês,mas  o cidadão.Todos.
É algo que  a esquerda  precisa  entender de vez.Admiro  profundamente o ex-presidente Lula,mas  não pelo fato de ele  ter passado   fome,mas por ter se  superado  e adquirido  conhecimentos maiores do que muito universitário por aí.
A falta de fundamento(preguiça  de estudar)gera e  reproduz  formas  de demagogia deste tipo  ,que  opõem  irresponsavelmente cidadãos brasileiros,afirmando,até injuriosamente,que  quem vai  votar  em Aécio o faz para jogar as  pessoas novamente  na  rua,como se  Lula  e Dilma as tivessem  tirado de lá  para sempre(mentira).
A oposição  entre nós  e eles  nos faz  perder o senso de realidade e a verdadeira noção  do que esta eleição representa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário