sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Elitismo vermelho



É difícil  realmente    votar  num   governo  que  baseia sua  campanha  não  no povo  brasileiro como um todo,mas  em  determinados  setores  considerados  pobres.Quem  não  é  povo  dentro desta acepção?Quem  não é  cidadão?Quem  pode ser deixado  de lado,pelo governo,quem dele  não  precisa  e  ,portanto,não precisa nem  votar?Serei eu?Estarei  incluído  neste  rol  de privilegiados,sabe-se lá  porquê?
Quando  eu era  pequeno,e lá vai muito  tempo,houve  uma polêmica em  1979.Dentro desta  polêmica o nosso  extraordinário  Pasquim colocou,numa  de suas  edições,uma  charge,que eu não lembro mais  de quem.Sendo criticado como um  não-intelectual(muito pelo contrário...) o Presidente  eqüestre,João Figueiredo , rebateu , afirmando que preferia  a  sua  cultura  matemática  a dos  “beletristas”,citando  Chico Buarque,em pleno auge  do seu merecido  sucesso.Figueiredo,diante disto,reclamava de porque ninguém  o  considerava  também  um intelectual como Chico.
Nesta charge  do Pasquim  o desenhista  punha Chico  sentado num banquinho  ,com o seu violão  e em pé  na frente  dele,o  Presidente eqüestre,perguntando:”Porque  não posso ser intelectual?Ao que o nosso  Chico respondia:”Porque não posso  ser Presidente  da  República?”
Naquele  tempo  era  justo  fazer esta  comparação entre um ditador  e  um cidadão.Mas hoje,porque estabelecer  uma  diferença  deste  tipo entre Ronaldinho  Fenômeno e Chico,entre um  mendigo e Chico?Quem  é mais cidadão  do que outro?


 







Por estas e por outras  que  eu não consigo  entender  a  cabeça  da  esquerda  radical,alguns antigos  meus  companheiros  de  outrora.Como  se pode medir a virtude de uma  pessoa,achando que ela é melhor  por ser  um  intelectual bem  sucedido?
Lembro-me também,na  época  do  impeachment de  Collor,em que o  seu advogado  Evaristo  de Morais Filho,foi massacrado  por este  mesmos  radicais,por garantir o  contraditório.E Prestes,não foi defendido  por um  católico?
Será que  ser de esquerda nos torna melhores,mais virtuosos,mais democráticos?Eu fico pensando como  é votar num candidato(-a)que  governa  para uma classe.Que efeito tem  isto   no meu  voto,na minha  caminhada para  a urna?Vale  a pena  apoiar uma democracia que já acabou,porque só para alguns?
Eu sempre  defendi  a  opção  preferencial pelos pobres,mas  tirando  o fato  de que não sou rico,porque tal  conceito  excluiria  quem não o  é?Este tipo  de atitude me preocupa num  continuísmo mais fortalecido.

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