É difícil realmente
votar num governo
que baseia sua campanha
não no povo brasileiro como um todo,mas em
determinados setores considerados
pobres.Quem não é
povo dentro desta acepção?Quem não é cidadão?Quem pode ser deixado de lado,pelo governo,quem dele não
precisa e ,portanto,não precisa nem votar?Serei eu?Estarei incluído
neste rol de privilegiados,sabe-se lá porquê?
Quando eu era
pequeno,e lá vai muito tempo,houve uma polêmica em 1979.Dentro desta polêmica o nosso extraordinário Pasquim colocou,numa de suas
edições,uma charge,que eu não
lembro mais de quem.Sendo criticado como
um não-intelectual(muito pelo
contrário...) o Presidente eqüestre,João
Figueiredo , rebateu , afirmando que preferia
a sua cultura
matemática a dos “beletristas”,citando Chico Buarque,em pleno auge do seu merecido sucesso.Figueiredo,diante disto,reclamava de
porque ninguém o considerava
também um intelectual como Chico.
Nesta
charge do Pasquim o desenhista
punha Chico sentado num
banquinho ,com o seu violão e em pé
na frente dele,o Presidente eqüestre,perguntando:”Porque não posso ser intelectual?Ao que o nosso Chico respondia:”Porque não posso ser Presidente da
República?”
Naquele tempo
era justo fazer esta
comparação entre um ditador
e um cidadão.Mas hoje,porque
estabelecer uma diferença
deste tipo entre Ronaldinho Fenômeno e Chico,entre um mendigo e Chico?Quem é mais cidadão do que outro?
Por estas e por
outras que eu não consigo entender
a cabeça da
esquerda radical,alguns antigos meus
companheiros de outrora.Como
se pode medir a virtude de uma
pessoa,achando que ela é melhor
por ser um intelectual bem sucedido?
Lembro-me
também,na época do
impeachment de Collor,em que
o seu advogado Evaristo
de Morais Filho,foi massacrado
por este mesmos radicais,por garantir o contraditório.E Prestes,não foi
defendido por um católico?
Será que ser de esquerda nos torna melhores,mais virtuosos,mais
democráticos?Eu fico pensando como é
votar num candidato(-a)que governa para uma classe.Que efeito tem isto no meu
voto,na minha caminhada para a urna?Vale
a pena apoiar uma democracia que já
acabou,porque só para alguns?
Eu sempre defendi
a opção preferencial pelos pobres,mas tirando
o fato de que não sou rico,porque
tal conceito excluiria
quem não o é?Este tipo de atitude me preocupa num continuísmo mais fortalecido.
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