Desde o neo-colonialismo europeu
duas posturas têm sido encontradas
na esquerda para estabelecer a relação
com a cultura erudita
e com a
civilização.Uma primeira é desdenhá-la
como parte do projeto das classes
exploradoras,aristocracia e
burguesia.Isto se vê muito
acentuadamente na revolução de
1848.
Depois da
vitória das classes “ altas” duas posturas apareceram:uma ,de direita,do Conde de Gobineau,que afirma que a civilização se identifica com a cultura
erudita e que como ela foi
produzida por estas classes,pelas raças brancas, sendo sua propriedade
por direito,cujas
realizações devem ser protegidas a ferro e fogo ,como fez Hitler décadas depois.
Para estas classes
a revolução das “ esquerdas” é contra
a civilização.
A reação
das esquerdas é
variada,mas de modo geral
ela contrapõe a vida,os problemas das classes “
subalternas”,às realizações
culturais e assim afirma a necessidade de priorizar este problemas,de fome,de miséria,de
criança abandonada,frente a interesses vãos,como poesia,arte e cultura.
Foi neste espírito,por exemplo,que se fez
no Brasil o Centro Popular de Cultura,para construir
uma arte dos “ pobres” ,dos
trabalhadores.Esta tentativa não deu
resultado e só aqueles artistas que
relacionaram a “ problemática de classes” com a humana é que produziram obras de
valor,como Nelson Pereira dos Santos,Jorge Amado,Glauber e assim por diante,que aliás muitos
deles,como outros,não faziam parte
do CPC,diga-se.
O fato é,e esta é a minha profissão de fé,que uma coisa não
exclui a outra dialeticamente
falando(se é que a esquerda se
preocupa com a dialética,já o
provei antes)e mais
do que isto,como também já demonstrei, o termo de igualação decisivo da sociedade
democrática moderna,inclusive socialista,hoje,é a cidadania, e esta não admite
nenhuma forma de exclusão,de classe ,de gênero ou de pessoa e por isso
nada é propriedade de ninguém,muito menos o conhecimento.
O conhecimento,a cultura,são
produtos humanos,não de classe
somente(embora haja esta
influência claro)e como
tais são de todos.Quanto
mais o mais pobre ,o menos favorecido ,for
capaz de conhecer,de se inserir na
civilização,mais ele tem condições de
sair da exploração,porque ele encontrará,como é possível encontrar,caminhos e brechas para superá-la.
Ocorre que
hoje,em função das necessidades
eleitorais-eleitoreiras,de uma esquerda
velha,anacrônica e porque não
dizer falida,a mesma repete
os slogans da burguesia,que a
esquerda devia contestar,mas que com ela se compõe,esta é a verdade,reproduzindo todo o
mecanismo de exploração que vem desde o
tempo colonial.
Não é parte da análise dos progressistas e da esquerda afirmar que
a situação do Brasil,de miséria,de criança abandonada e de fome,surgiu por
causa do pacto colonial,que
manteve a escravaria e o
povo brasileiro sem educação?Então porque os corifeus da esquerda
vendem esta idéia de que cultura é coisa
de fresco,que o importante é
tratar do sofrimento do povo?Eu
sei a resposta,é porque,como a burguesia,eles
não querem ser contestados em
seus esquemas políticos pessoais.Não
querem um trabalhador capaz
de contestá-los.
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