sábado, 2 de agosto de 2014

Qual o papel da cultura,para as esquerdas?




Desde   o neo-colonialismo  europeu  duas  posturas têm sido  encontradas  na esquerda  para estabelecer  a relação  com  a cultura  erudita  e  com  a  civilização.Uma  primeira  é desdenhá-la  como parte  do projeto  das classes  exploradoras,aristocracia  e burguesia.Isto  se vê  muito  acentuadamente  na revolução de 1848.
Depois  da  vitória  das  classes “ altas” duas posturas  apareceram:uma ,de direita,do Conde  de Gobineau,que  afirma que a civilização se identifica  com a cultura  erudita  e que  como ela foi  produzida  por  estas classes,pelas raças  brancas, sendo sua  propriedade   por direito,cujas realizações  devem ser  protegidas a ferro e fogo ,como fez  Hitler décadas  depois.
Para estas  classes  a revolução  das  “ esquerdas” é  contra  a civilização.
A reação das  esquerdas  é  variada,mas de modo  geral ela  contrapõe  a vida,os problemas das  classes “  subalternas”,às realizações  culturais  e assim  afirma a necessidade de priorizar  este problemas,de fome,de miséria,de criança  abandonada,frente  a interesses vãos,como poesia,arte e cultura.
Foi neste  espírito,por exemplo,que  se fez  no Brasil o Centro Popular de Cultura,para  construir  uma arte  dos “ pobres” ,dos trabalhadores.Esta tentativa  não deu resultado e só aqueles  artistas  que  relacionaram a “ problemática de classes”  com a humana é que produziram obras de valor,como  Nelson Pereira  dos Santos,Jorge  Amado,Glauber e assim por  diante,que aliás  muitos  deles,como outros,não faziam parte  do CPC,diga-se.
O  fato é,e esta é  a minha profissão de  fé,que uma coisa  não  exclui a outra  dialeticamente falando(se é que a  esquerda se preocupa  com a dialética,já o provei  antes)e  mais  do que  isto,como também  já demonstrei,  o termo de igualação decisivo da sociedade democrática  moderna,inclusive  socialista,hoje,é  a cidadania, e esta  não admite  nenhuma forma de exclusão,de classe ,de gênero  ou de pessoa e por  isso  nada é propriedade de ninguém,muito menos  o conhecimento.
O  conhecimento,a  cultura,são  produtos  humanos,não de classe somente(embora  haja  esta  influência  claro)e  como  tais  são de todos.Quanto mais  o mais pobre ,o menos favorecido ,for capaz de conhecer,de se inserir  na civilização,mais ele  tem condições de sair da exploração,porque  ele  encontrará,como é possível  encontrar,caminhos  e brechas para superá-la.
Ocorre  que  hoje,em função das necessidades  eleitorais-eleitoreiras,de uma esquerda  velha,anacrônica e porque  não dizer  falida,a  mesma repete  os slogans da burguesia,que  a esquerda  devia  contestar,mas que com ela  se compõe,esta  é  a verdade,reproduzindo  todo  o mecanismo de exploração que vem desde  o tempo colonial.
Não é  parte da análise  dos progressistas e da esquerda  afirmar que  a situação do Brasil,de miséria,de criança abandonada e  de fome,surgiu  por  causa  do pacto  colonial,que  manteve  a escravaria e o povo  brasileiro  sem educação?Então porque  os corifeus   da esquerda   vendem  esta idéia  de que cultura  é coisa  de fresco,que o importante é  tratar do sofrimento  do povo?Eu sei a resposta,é porque,como a burguesia,eles  não querem ser contestados  em seus esquemas políticos   pessoais.Não  querem um  trabalhador  capaz  de contestá-los.

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