Todos
os que me conhecem sabem que trato
de futebol como uma questão social,não dando mais importância
a isto não.MAS QUANDO SE TRATA DESTE VEXAME QUE ESTES ALEMÃES BOTINUDOS
NOS IMPUSERAM EU TENHO QUE
MUDAR O MEU
CRITÉRIO PORQUE EU NÃO ADMITO QUE OS JOGADORES BRASILEIROS
TENHAM DEIXADO ISTO ACONTECER!
Agora
todo mundo procura
uma causa,procura uma resposta e todos se culpam
pelo que aconteceu.
O futebol
não explica o Brasil ,eu
já disse isto
aqui,mas no cotidiano sim.No cotidiano identificamos três mediações que nos fazem sentir o que
está rolando conceitualmente nas ruas:a
relação com o parceiro;o táxi
e o futebol.
O futebol
não tem capacidade de
melhorar ou piorar o país,mas ele ajuda,pelas relações dele
com o povo,a entender este último
e quiçá, a partir disto,influenciar muitos
dos critérios de ação do
povo.
Ora ,o meu paradigma
específico,como integrante
que sou deste povo,como cidadão igual aos outros
que sou,me indica que a
frustração foi enorme,mas que o
povo não está mais identificando o esporte como esta medida conceitual.
Na
minha opinião,o povo encarou
demasiadamente fácil a derrota,procurando seguir o princípio da FIFA do Fair
Play.
Ocorre que
como boleiro que sou
eu não aceito esta passividade.Talvez esta
passividade seja só
inicial(espero até que
seja),porque os traumas demoram em efetivar as suas conseqüências.Como diz aquele
político,se por um lado encarar esportivamente é bom,por outro
é mal,porque,como tenho analisado desde
o início destes artigos,o desastre que os alemães nos impuseram,me parece a
cristalização do predomínio cada vez maior da mentalidade européia
sobre o povo brasileiro.Existe um desejo mal disfarçado da FIFA de “ civilizar” o Brasil,como os antigos religiosos
colonizadores(Livingstone) .Eu
já me referi ao problema da elitização,através de
ingressos caríssimos,só acessíveis às classes altas; ao
problema da uniformização dos estádios e da cobertura da
mídia,que vem de um lugar
só(antigamente assistir uma copa
era assistir o modo de ver
de um povo;cada povo sendo bem diferente
do outro);já me referi ao problema do valor escorchante,pago por nós,do capital aplicado na construção destes
estádios.
Enfim,sob o discurso de profissionalização e do
fair-play está se querendo podar as potencialidades diferenciadoras dos
povos e do povo brasileiro em
particular,que nunca assistiu futebol de terno e gravata.
O povo
brasileiro não é resultado,como
diz erradamente Paulo Prado em “ Tristes Trópicos ” ,das três “ raças tristes”.Contudo uma
coisa pode-se dizer:porque ficar remoendo a perda do título em 50,como ficamos antes da copa de
2014?Já ultrapassamos isto e o Uruguai
não ganha nada há quase
setenta anos.Eles não comemoram nem o
Mundialito de 80.
Eu digo isto,porque
tenho a percepção de que o
futebol é a nossa única
vitória e o nosso cotidiano é
alegre para encobrir também
tristezas recorrentes e inevitáveis,se
adequando a uma interpretação livre do pensamento de Paulo Prado.Quando chega
a Copa o brasileiro oscila,como sempre oscilou,entre o otimismo sem fundamento e o pessimismo delirante.Ele está
,às vezes,em cima do muro,o que é quase igual ao pessimismo.De qualquer forma a alegria e
tristeza estão relacionados de forma muito próxima.
Aqui no Brasil, a Copa engendrou um otimismo do segundo
tipo.Não admitíamos a derrota porque jogávamos em casa e ela veio como
em nenhuma outra ocasião,fazendo confirmar
aparentemente o vaticínio de 50,mas eu
penso que pensar demais e sempre em 50 acaba por produzir a repetição do
erro daquela derrota,que já tínhamos identificado:que
não admitíamos perder.
O brasileiro está sempre precisando de um fundamento no passado.Ele é um país moderno materialmente,mas espiritualmente arcaico.Sem produtividade original no presente,ele busca
recorrentemente modelos
arcaicos,passadiços.
Falar de 50
se tornou um negócio que faz a fama de muita gente ,mas eu penso
que chegou a hora do brasileiro
acreditar numa atitude
rupturista,deixando para trás aquilo que
não importa mais.Identificada a
causa do erro,partir para o futuro que é
mais importante.
E NO FUTURO
EU EXIJO QUE ESTES BOTINUDOS
ALEMÃES,HOLANDESES E FRANCESES SOFRAM GOLEADAS.
Esta atitude arcaica nos faz desprezar
o aprendizado e nos induz a não guardar
o conhecimento,como algo importante.Como dizia Euclides da Cunha,” No Brasil
o que uma geração ganha a outra perde” e
vivemos neste intervalo de nada e de frustração que anuncia novas derrotas.
O Brasil está precisando agora daquela sacudidela
que João Saldanha deu no país depois da derrota de 66.Ele escolheu as suas “
feras” e preparou o país para valorizar o que já tinha conquistado.
Humildade,eu entendo,tem dois sentidos:um abstrato
e outro concreto.O abstrato é a humildade
no sentido moral,geral,de ter
sempre consciência dos seus limites;a
humildade concreta é aquela
que se estrutura nesta
consciência,na consciência de que se sabe fazer.Qual é a necessidade de lembrar 50 se
somos pentacampeões?Para quê?
A humildade abstrata,muito católica,é castradora do
esforço para conseguir ambiciosamente o conhecimento e a habilidade.Já
imaginou se Michelângelo ficasse com humildade na hora de fazer o “ Davi”?Não dá.Muitos jogadores ,no Brasil,perderam carreiras por
este tipo de humildade.Penso em Ademir
da Guia,um craque divino,que me
fez ser palmeirense em São Paulo e que
não tinha ambição.
Ambição é legítima
quando você se esforça e
adquire a sua habilidade,quando você
reconhece a sua vocação.
Pensar no futuro é ter esta atitude,de romper com medos infundados e PASSAR POR CIMA DESTES BOTINUDOS QUE ESTÃO
SE ACOSTUMANDO A NOS GANHAR.Deste jeito eles vão ganhar no esporte e no projeto civilizatório que querem nos
impor.
Então viva João Saldanha e vamos mudar esta maneira de ser e voltar aos “quadros constitucionais
vigentes”,no futebol,no qual somos os melhores.
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