Ufa!,Vou parar um pouco de falar
de comunismo,esquerda e tratar de temas culturais que eu gosto.Há muito queria
tratar novamente do papel da religião e me lembrei novamente de Albrecht Durer,
o maior pintor do Renascimento Alemão e que eu aprecio muito e sobre o qual já
fiz outro artigo.
Nesta gravura aí acima nós vemos
o famoso " anjo melancólico".Se vocês repararem no olhar do anjo
vocês verão a sua tristeza,mas
um tipo específico de tristeza,uma saudade do futuro,como disse um amigo
meu,uma vez, no petisco da vida,ouvindo um samba.
A melancolia é um tipo de
tristeza,não é igual à depressão,pois ele tem como seu desencadeador algo mais
profundo,mais extenso psicologicamente do que a depressão.É lógico que a
depressão,quando se torna igualmente extensa e sem motivo aparente se torna
muito perigosa ,levando não raro à uma fatalidade.A melancolia pode levar à
depressão e pode reproduzi-la em níveis estratosféricos.
Mas a melancolia não é
doença,ela é parte do patrimônio emocional e sentimental do ser humano.Não
existe nada absoluto na vida humana.Buscar uma vida de alegrias não é
possível,pois tornaria o ser humano em psicopata,e os que o são o são por isso.
Ainda que vivêssemos em plena
utopia,todos vivendo em paz,sem fome,de mãos dadas,haveria necessidade e
direito de em alguns momentos se entristecer,mas por um motivo que transcende a
sociedade e a história:a finitude temporal e espacial do ser humano,bem como de
tudo o que vive.
Goethe,no seu "
Fausto",põe estas palavras na boca do Diabo," tudo o que nasce merce
perecer",mas a discussão sobre este merecimento é que faz natureza específica do ser humano que
não aceita de forma alguma a cessação da vida e nós podíamos elencar aqui
carradas de motivos para esta não aceitação.
A religião é um problema
social,tem uso político,mas a crença é diferente ,porque ela radica nesta
finitude inevitável que nos foi imposta pela natureza e neste sentido o papel
da religião transcende também as épocas e esta constatação deveria ser o
fundamento da atitude de todos ,inclusive os ateus como eu que se orgulham da
não crença e da iminência do nada.Eu não conheço ateu nenhum,inclusive eu,que
lá no fundo não aja como este anjo de Durer,lá no seu recanto,no seu íntimo,ou
seja,não fique melancólico.
Uma coisa é o
ateísmo,outra a laicização.Voltarei ao
tema.
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