quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Futebol como media do pensamento do povo brasileiro





Eu já me referi também nestes artigos aos pactos demagógicos da História,ao coliseum,como forma de congraçamento de patrícios e plebeus,ao teatro shakespeareano e ao futebol brasileiro.
Toda a vez que eu falo sobre futebol tem sempre alguém que demonstra preconceito em relação ao tema,mas é  preciso ver que ,em primeiro lugar,o esporte é uma atividade legítima ,porque de saúde. Em segundo lugar a mobilização do povo brasileiro em torno do futebol ,ainda que o aliene dos problemas hierarquicamente mais importantes,oferece um campo de visão de porque esta alienação acontece.
Não acho que o Brasil,como nação,possa ser  explicado pelo futebol,mas no cotidiano sim,o futebol mostra um campo de pesquisa sobre como o cidadão brasileiro conceitua sobre assuntos os mais diversos. O pesquisador e o político se atualizam com o futebol No cotidiano só se entende o que o povo brasileiro pensa pelo futebol,andando frequentemente em táxis e investigando a relação que a  média tem com os seus parceiros(sexuais),mas o futebol avulta em importância na medida em que é mais universal e opõe(e integra) mesmo o mundo masculino ao feminino.
Tirando o fato de que o futebol não deve ser diminuído como força mobilizadora,pelas razões que eu aduzi em outro artigo anterior(mobilizar o povo brasileiro para mudar o país),nós devemos colocá-lo exatamente como este laboratório de concepções do brasileiro,de modo a compreender a nossa realidade social(e nisto eu aprofundo o artigo imediatamente anterior),premissa essencial de quem quer mudá-la para melhor.
A noção de que o povo brasileiro se mobiliza é de se preservar. O primeiro passo depois disto é mostrar,como num espelho,a face do povo  brasileiro,para ele mesmo,demonstrando o quanto ele não é beneficiado do que se obtém neste esporte. O quanto ele está numa posição passiva diante do esporte que ele mesmo viabilizou,muita vezes por cima dos erros e crimes cometidos pelos dirigentes.
E os últimos acontecimentos,com esta cada vez maior invasão da Fifa,uma organização feita com influência  do fascismo,também revela isto que eu estou dizendo.
Ninguém protesta quando se faz esta imensa elitização do esporte,nem mesmo o Flamengo,o clube de massa,do trabalhador comum,o qual com seu dinheirinho,sustentou e sustenta o clube de maior torcida no mundo.
Quando estes estádios foram feitos,muitos acertadamente  denunciaram o caráter de elefantes brancos de alguns,como o Estádio de Brasília e o de Pernambuco. Para evitar críticas os governos destes estados cooptaram os dirigentes dos quatro grandes do Rio de Janeiro para levarem os seus times para jogar neles por uma merreca,longe de suas torcidas. Será que terem jogado o inicio do campeonato brasileiro longe das torcidas não contribuiu para ficar na parte de baixo da tabela?
E depois ,na final da Copa do Brasil,o Flamengo,que ganhou aquela merreca,aumentou o ingresso,estratosfericamente,excluindo o torcedor pobre,alegando necessidade de ganhar 9 milhões. Não poderiam os governos de Brasília e Pernambuco,que encheram a burra com estes elefantes, dar estes 9 milhões  e permitir que o Flamengo baixasse os ingressos,permitindo aos seus maiores apoiadores assistir ao jogo e não somente as elites?
Também se faz um discurso de que é preciso qualificar a assistência nos estádios para acabar com a violência. Alguém viu algum trabalhador pobre nas cenas de vandalismo da última rodada?E nas das rodadas intermediárias?
De tudo isto se depreende que ,no mínimo,as elites,os dirigentes não vêem sequer o povo brasileiro.
Isso sem falar no problema do neocolonialismo que se esconde por debaixo destas atitudes.

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