A esquerda
brasileira se acostumou,no inicio da sua formação ,a ter duas
atitudes diante da questão de classe.
A primeira é viver dentro da
luta de classes ,como Marx havia ensinado,e portanto,por isto ,era certo
repudiar todas as classes que não fossem como a proletária,encarregada de
fazer a revolução.Lênin ampliou este conceito,em " A doença infantil
do esquerdismo no comunismo",dizendo que era
infantilismo da esquerda não entrar nos parlamentos burgueses para jogar uns
burgueses contra os outros para enfraquecê-los e facilitar o
caminho da revolução.
A segunda veio já da
social-democracia(cuja origem está igualmente em Marx),para a qual
não existe só a luta de classes,mas também a colaboração de
classes.Marx havia errado em dizer no "Manifesto
Comunista"que a História havia sido até então a "História da luta de
classes",porque existem fatos que demonstram o contrário.E a sociologia,nascente
e ascendente,mostra que uma classe não existe por si,sozinha.
Até hoje,e
predominantemente,a esquerda no Brasil,ao ouvir falar
na segunda atitude,baba,e chama a isso de traição,no mínimo,quando
não de frescura e algo mais "sério",mas a
verdade é que tanto a primeira como a segunda
podem levar a um processo real de mudança,sendo que a segunda tem mais
possibilidades de garantir esta passagem de modo mais pacífico.
Lênin achava ,em " O
Renegado Kautsky e a Revolução de Outubro",que o fato de a
Revolução Socialista se fazer pela maioria contra
a minoria,se garantiria a transição pacífica e com pouco sangue,que não
foi o que se viu.
Numa sociedade como a
atual em que já não existe a polarização que Marx viu no século XIX,em que
outras classes participam do processo produtivo,este aconselhamento
parece mais que passadiço.
Tudo isto é para
dizer que toda a pessoa militante hoje,que quiser mudar o Brasil,
terá que deixar de lado a primeira atitude e ouvir as outras classes,os
outros extratos da população(inclusive a burguesia)para
evitar ademais a formação de um subproduto psicológico que é o
preconceito,que a esquerda acha que não tem,mas tem(inclusive contra a
burguesia),também contra determinados extratos populares,que não a seguem.
Quando o Marxismo infantil
culpa a burguesia de tudo(talvez por razões pessoais)ela abre
espaço para o preconceito,para o caldo de cultura do preconceito,que ameaça a
sociedade de romper-se,sem que isto leve ao socialismo.
A primeira atitude conduz e
reproduz uma egocentria política,que só se desenvolve num processo de
violência sem sentido,sem finalidade,só de imposição,porque não
leva em consideração o outro,o outro de razão,de classe.É uma
onipotência psicótica em projeto,o considerar-se como fonte e fundamento
da mudança.
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