sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Egocentria na esquerda

A  esquerda  brasileira  se acostumou,no inicio da sua formação ,a ter duas atitudes  diante da questão de classe.
A primeira é viver dentro da luta de  classes ,como Marx havia ensinado,e portanto,por isto ,era certo repudiar todas  as classes que não fossem como a proletária,encarregada de fazer a revolução.Lênin  ampliou este conceito,em " A doença infantil do esquerdismo  no comunismo",dizendo  que  era infantilismo da esquerda não entrar nos parlamentos burgueses para jogar uns burgueses contra os outros para enfraquecê-los e  facilitar  o caminho  da revolução.
A segunda veio já da social-democracia(cuja  origem está igualmente em Marx),para a qual  não existe  só a luta de classes,mas também a colaboração de  classes.Marx   havia errado em dizer no "Manifesto  Comunista"que a História havia sido até então a "História da luta de classes",porque existem fatos que demonstram o contrário.E  a sociologia,nascente e ascendente,mostra que uma classe não existe por si,sozinha.
Até  hoje,e predominantemente,a esquerda  no Brasil,ao  ouvir  falar  na  segunda  atitude,baba,e chama a isso de traição,no mínimo,quando não  de  frescura  e algo mais "sério",mas  a verdade é que tanto  a   primeira como  a  segunda podem levar a um processo real de mudança,sendo que a segunda tem mais possibilidades de garantir esta passagem  de modo  mais pacífico.
Lênin achava ,em " O Renegado Kautsky e a Revolução  de Outubro",que o fato de a Revolução  Socialista  se  fazer pela maioria  contra  a minoria,se garantiria a transição pacífica e com pouco sangue,que não foi  o que se viu.

Numa sociedade como a  atual em que já não existe a polarização que Marx viu no século XIX,em que outras classes participam do processo produtivo,este aconselhamento  parece mais que passadiço.
Tudo  isto  é para dizer  que toda a pessoa  militante hoje,que quiser mudar o Brasil, terá que deixar de lado a primeira atitude e  ouvir as outras classes,os outros extratos   da população(inclusive  a burguesia)para evitar  ademais a formação de um subproduto psicológico que é o preconceito,que a esquerda acha que não tem,mas tem(inclusive contra a burguesia),também contra determinados extratos populares,que não a seguem.
Quando o Marxismo  infantil  culpa a burguesia de  tudo(talvez por razões pessoais)ela  abre  espaço para o preconceito,para o caldo de cultura do preconceito,que ameaça a sociedade  de romper-se,sem que isto leve ao socialismo.
A primeira atitude conduz e reproduz  uma egocentria política,que só se desenvolve num processo de violência sem sentido,sem  finalidade,só de imposição,porque  não leva em consideração  o outro,o outro  de razão,de classe.É uma onipotência psicótica  em projeto,o considerar-se como fonte e fundamento da mudança.

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