domingo, 4 de agosto de 2013

O Papa Francisco II

Ainda tratando da visita do Papa é preciso dizer que desde a “ Rerum Novarum”,do Papa L eão XIII ,a Igreja se modificou profundamente,com o reconhecimento,por parte desta encíclica,da “ Questão Social”,até antes de muitos governos,como o do Brasil. Contudo, há que dizer que o reconhecimento foi no sentido dos governos resolverem o problema social dentro dos critérios cristãos de amor entre os homens,permanecendo inalterável o conceito cristão de não participar da política,reforçada com a declaração da “infalibilidade papal”,cristalizada por Pio IX em 1870.Este conceito ,no fundo,não trata da infalibilidade do Papa como pessoa humana,mas em comunhão com o que entende ele a divindade de Cristo e o Espírito Santo e que não é mais do que,humanamente falando,a intocabilidade do Papa,que preserva com isso,com a sua representação da Igreja na História,a sua eternidade,a sua vocação de eternidade.
È conhecida a passagem do extraordinário romance de Lampedusa “ O Leopardo”,em que o Conde de Salinas impede o pároco da aldeia(todo ansioso),de votar,numa primeira eleição chinfrim na Sicilia,alegando que o compromisso dele não era com as questões terrenas e por isto não poderia participar das eleições(deixando-o triste...).
Esta inalteração foi até ao Papa João Paulo II,que ,ao ir à Nicarágua,admoestou o padre jesuíta Ernesto Cardenal,que desobedeceu esta ordem e participou do governo da Frente de Libertação Nacional.Da época de Leão XIII,em que surgiram dissidências ,como a dos “ padres operários”, até João Paulo II,com este padre jesuíta, houve sempre este tipo de rebeldia,cujo fulcro é a “ Questão Social”,que não acabou.
Logicamente o Papa Francisco continua esta tradição,mas como o Papa João Paulo II,que protagonizou a “ opção preferencial pelos pobres” em Puebla,ele enfatiza de maneira mais forte(não radical)a necessidade de os governos expressarem os desejos dos pobres,cuja maior representação nesta última visita,foi em Manguinhos.
Embora a Igreja tenha feito sempre esta opção pelos pobres,no passado,a Igreja aconselhava aos ricos a olhar de modo diferente os pobres,dentro do espírito de amor entre as classes,sendo que as altas dirigiam o processo.
De Puebla para cá a mudança é clara:tudo o que representa riqueza e poder,domínio das classes altas vem sendo deixado de lado. A igreja fez uma inversão,pois resolveu ficar do lado dos representados e não dos representantes.
Será,no entanto isto,uma verdade?A compaixão pura e simples serve para resolver o problema social?Se a compaixão,como disse o Papa João Paulo II,em sua visita a Cuba,é o que deve nortear as relações entre os homens,que não devem ser transtornadas por revoluções,o que pode a Igreja fazer para ajudar na solução da questão social?Apesar das boas intenções do Papa Francisco a quem favoreceu o ato no qual o menino de Manguinhos reclamou do abandono do governo do Rio,que não fez e não vai fazer nada para melhorar a condição da comunidade?Em que medida o papa,como chefe de estado,e político,não se beneficia de uma situação que ele não pode resolver?Em que medida é justo que outro país venha demonstrar que nossos governos são ruins e depois não fazer nada?

Será que a Igreja não continua a mesma?

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