Ainda
tratando da visita do Papa é preciso dizer que desde a “ Rerum
Novarum”,do Papa L eão XIII ,a Igreja se modificou
profundamente,com o reconhecimento,por parte desta encíclica,da “
Questão Social”,até antes de muitos governos,como o do Brasil.
Contudo, há que dizer que o reconhecimento foi no sentido dos
governos resolverem o problema social dentro dos critérios cristãos
de amor entre os homens,permanecendo inalterável o conceito cristão
de não participar da política,reforçada com a declaração da
“infalibilidade papal”,cristalizada por Pio IX em 1870.Este
conceito ,no fundo,não trata da infalibilidade do Papa como pessoa
humana,mas em comunhão com o que entende ele a divindade de Cristo e
o Espírito Santo e que não é mais do que,humanamente falando,a
intocabilidade do Papa,que preserva com isso,com a sua representação
da Igreja na História,a sua eternidade,a sua vocação de
eternidade.
È
conhecida a passagem do extraordinário romance de Lampedusa “ O
Leopardo”,em que o Conde de Salinas impede o pároco da aldeia(todo
ansioso),de votar,numa primeira eleição chinfrim na
Sicilia,alegando que o compromisso dele não era com as questões
terrenas e por isto não poderia participar das eleições(deixando-o
triste...).
Esta
inalteração foi até ao Papa João Paulo II,que ,ao ir à
Nicarágua,admoestou o padre jesuíta Ernesto Cardenal,que
desobedeceu esta ordem e participou do governo da Frente de
Libertação Nacional.Da época de Leão XIII,em que surgiram
dissidências ,como a dos “ padres operários”, até João Paulo
II,com este padre jesuíta, houve sempre este tipo de rebeldia,cujo
fulcro é a “ Questão Social”,que não acabou.
Logicamente
o Papa Francisco continua esta tradição,mas como o Papa João Paulo
II,que protagonizou a “ opção preferencial pelos pobres” em
Puebla,ele enfatiza de maneira mais forte(não radical)a necessidade
de os governos expressarem os desejos dos pobres,cuja maior
representação nesta última visita,foi em Manguinhos.
Embora a
Igreja tenha feito sempre esta opção pelos pobres,no passado,a
Igreja aconselhava aos ricos a olhar de modo diferente os
pobres,dentro do espírito de amor entre as classes,sendo que as
altas dirigiam o processo.
De
Puebla para cá a mudança é clara:tudo o que representa riqueza e
poder,domínio das classes altas vem sendo deixado de lado. A igreja
fez uma inversão,pois resolveu ficar do lado dos representados e não
dos representantes.
Será,no
entanto isto,uma verdade?A compaixão pura e simples serve para
resolver o problema social?Se a compaixão,como disse o Papa João
Paulo II,em sua visita a Cuba,é o que deve nortear as relações
entre os homens,que não devem ser transtornadas por revoluções,o
que pode a Igreja fazer para ajudar na solução da questão
social?Apesar das boas intenções do Papa Francisco a quem favoreceu
o ato no qual o menino de Manguinhos reclamou do abandono do governo
do Rio,que não fez e não vai fazer nada para melhorar a condição
da comunidade?Em que medida o papa,como chefe de estado,e
político,não se beneficia de uma situação que ele não pode
resolver?Em que medida é justo que outro país venha demonstrar que
nossos governos são ruins e depois não fazer nada?
Será
que a Igreja não continua a mesma?
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