domingo, 4 de agosto de 2013

A homofobia é o antisemitismo do mundo privado

O anti-semitismo apareceu na História como uma forma de manipulação política,no seio da relação entre o cristianismo e o Império Romano,que necessitava de legitimação. Apesar das transformações na História,o fundamento é este.
Mas toda a construção da Igreja Católica,junto com a aristocracia na Idade Média,foi para dominar o mundo privado e fazê-lo ser um elemento do jogo político.Daí aparecem os casamentos entre as aristocracias,as famílias reais e assim por diante.É a origem do sexismo, a relação entre o sexo e o poder,com preeminência do último.O legítimo e saudável desejo sexual, a hedonè ,é submetido aos imperativos morais que só servem ao poder,à manutenção do poder nas mãos de poucos.
A negativa (por impossibilidade axiológica)dos judeus de participar deste esquema os colocou como um joguete ,quando o esquema não funcionava.Notadamente,quando da formação dos estados absolutistas,o anti-semitismo serviu ao propósito de culpar alguém por não querer interagir com a formação do estado-nacional,calcado na religião católica.Sem falar nos ganhos econômicos e ideológicos que esta culpabilização propiciava para os vencedores:aristocracia,monarquias e igreja católica e porque não dizer a nascente burguesia?
Hoje em dia,sem que o anti-semitismo tenha acabado,a homofobia serve a propósitos semelhantes,mas não para favorecer Estados,mas mercados,interesses econômicos e quando digo isto não me refiro somente aos homofóbicos e sim igualmente ao movimento lgbt.
O movimento lgbt é importantíssimo porque ele coloca de forma radical,inclusive para o heterossexualismo,o direito absoluto de escolher com quem estabelecer um vínculo afetivo.
Na minha opinião,e isto é uma hipótese,a homofobia resulta da inveja daquele que está inserido no esquema arcaico de que falamos acima,desde a idade média,e que,por não conseguir sair dele ataca aquele que busca a felicidade numa atitude tão radical.E da mesma forma que o anti-semitismo servia para integrar num projeto estatal setores dispersos,no plano individual aquele que é acuado para integrar o modelo arcaico,usa a agressão homofóbica para se colocar num patamar pelo menos igual ao dos seus opressores arcaicos,pais,família e igreja.Não sei ,é uma hipótese.
Isto,no entanto,gera mais e mais distorções.No plano ideológico e nos dias de hoje ,o anedotário quanto à homoafetividade esconde não raro outros preconceitos e também esconde a intenção agressiva e excludente quanto àquele que está fora da archè.Ele é usado pela política para crescer,como acontece com as igrejas,que em nome da defesa da família,obtêem mais fiéis ,demonizando o movimento lgbt.
No meu modo de entender o movimento lgbt,que eu defendo,comete um erro terrível.Aliás dois:em primeiro lugar se o movimento deplora a opressão arcaica,no fundo,gosta dela,pelo seu significado fálico de poder.O movimento lgbt é excessivamente,ainda,genital,quando deveria já ter equilibrado esta genitalidade com afetividade e o conceito de eros,de amor.Por necessidade de atuação no mundo real,o movimento deplora esta ascese como concessão ao ideal de amor cristão,quando poderia perfeitamente,criar uma alternativa a este idealismo castrado,no conceito de felicidade.
O segundo erro está em lutar contra o preconceito a partir do uso da mediação do mercado, quero dizer,mostrando que o movimento tem um significado de lucro,para puxar mais adeptos e a sociedade para o seu lado.Como sabemos que o mercado capitalista precisa de reprodução imediata do capital e que os conceitos bem fundados não vendem o movimento corre o risco do mercado transformar a felicidade homoafetiva em genitalidade,mais conhecida talvez por pornografia.

O que o movimento deve fazer é instituir o princípio da felicidade afetiva ,como fundamento da sexualidade e não competir com o sexismo da sociedade arcaica,porque senão ele vai ser um joguete tanto deste sistema como do mercado,que afinal são a mesma coisa.Como o anti-semitismo é dos interesses políticos.

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