O
anti-semitismo apareceu na História como uma forma de manipulação
política,no seio da relação entre o cristianismo e o Império
Romano,que necessitava de legitimação. Apesar das transformações
na História,o fundamento é este.
Mas toda
a construção da Igreja Católica,junto com a aristocracia na Idade
Média,foi para dominar o mundo privado e fazê-lo ser um elemento do
jogo político.Daí aparecem os casamentos entre as aristocracias,as
famílias reais e assim por diante.É a origem do sexismo, a relação
entre o sexo e o poder,com preeminência do último.O legítimo e
saudável desejo sexual, a hedonè ,é submetido aos imperativos
morais que só servem ao poder,à manutenção do poder nas mãos de
poucos.
A
negativa (por impossibilidade axiológica)dos judeus de participar
deste esquema os colocou como um joguete ,quando o esquema não
funcionava.Notadamente,quando da formação dos estados
absolutistas,o anti-semitismo serviu ao propósito de culpar alguém
por não querer interagir com a formação do estado-nacional,calcado
na religião católica.Sem falar nos ganhos econômicos e ideológicos
que esta culpabilização propiciava para os
vencedores:aristocracia,monarquias e igreja católica e porque não
dizer a nascente burguesia?
Hoje em
dia,sem que o anti-semitismo tenha acabado,a homofobia serve a
propósitos semelhantes,mas não para favorecer Estados,mas
mercados,interesses econômicos e quando digo isto não me refiro
somente aos homofóbicos e sim igualmente ao movimento lgbt.
O
movimento lgbt é importantíssimo porque ele coloca de forma
radical,inclusive para o heterossexualismo,o direito absoluto de
escolher com quem estabelecer um vínculo afetivo.
Na minha
opinião,e isto é uma hipótese,a homofobia resulta da inveja
daquele que está inserido no esquema arcaico de que falamos
acima,desde a idade média,e que,por não conseguir sair dele ataca
aquele que busca a felicidade numa atitude tão radical.E da mesma
forma que o anti-semitismo servia para integrar num projeto estatal
setores dispersos,no plano individual aquele que é acuado para
integrar o modelo arcaico,usa a agressão homofóbica para se
colocar num patamar pelo menos igual ao dos seus opressores
arcaicos,pais,família e igreja.Não sei ,é uma hipótese.
Isto,no
entanto,gera mais e mais distorções.No plano ideológico e nos dias
de hoje ,o anedotário quanto à homoafetividade esconde não raro
outros preconceitos e também esconde a intenção agressiva e
excludente quanto àquele que está fora da archè.Ele é usado
pela política para crescer,como acontece com as igrejas,que em nome
da defesa da família,obtêem mais fiéis ,demonizando o movimento
lgbt.
No meu
modo de entender o movimento lgbt,que eu defendo,comete um erro
terrível.Aliás dois:em primeiro lugar se o movimento deplora a
opressão arcaica,no fundo,gosta dela,pelo seu significado fálico de
poder.O movimento lgbt é excessivamente,ainda,genital,quando deveria
já ter equilibrado esta genitalidade com afetividade e o conceito
de eros,de amor.Por necessidade de atuação no mundo real,o
movimento deplora esta ascese como concessão ao ideal de amor
cristão,quando poderia perfeitamente,criar uma alternativa a este
idealismo castrado,no conceito de felicidade.
O
segundo erro está em lutar contra o preconceito a partir do uso da
mediação do mercado, quero dizer,mostrando que o movimento tem um
significado de lucro,para puxar mais adeptos e a sociedade para o
seu lado.Como sabemos que o mercado capitalista precisa de reprodução
imediata do capital e que os conceitos bem fundados não vendem o
movimento corre o risco do mercado transformar a felicidade
homoafetiva em genitalidade,mais conhecida talvez por pornografia.
O que o
movimento deve fazer é instituir o princípio da felicidade afetiva
,como fundamento da sexualidade e não competir com o sexismo da
sociedade arcaica,porque senão ele vai ser um joguete tanto deste
sistema como do mercado,que afinal são a mesma coisa.Como o
anti-semitismo é dos interesses políticos.
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