sábado, 27 de julho de 2013

Da Violência ou “ Da Moral Crítica” ou “ A Crítica Moralizante”

 Existe um discurso,muito recorrente diante das manifestações de rua,calcado no moralismo,segundo o qual a violência é uma atitude antiética,errada e que é contra a democracia. Vá lá,eu aceito parte desta assertiva,mas é preciso ter em conta que a violência está no dia a dia e que explodiu agora ;e quem conhece sociologia e a sociedade não pode vir apenas com este discurso abstrato e moralizante.
Os grupos de ação direta manifestam a sua contrariedade há muito tempo e quem anda de ònibus por aí,nestes péssimos ônibus, vê nos muros frases como “ está com fome,saqueie”.
Um historiador das mentalidades,Robert Darnton,escreveu em um livro intitulado “ O Grande Massacre de Gatos”,como certos acontecimentos aparentemente banais anunciam catástrofes e cita um grande massacre de cães e gatos,pertencentes aos aristocratas, na Paris de 1757,como exemplo disto.
Não chego a extremos de dizer que vai haver uma revolução por causa destes atos de violência,que não são banais,mas é evidente que a banalidade das frases dos muros da cidade não foi observada pelos políticos e representantes do povo(autoarrogados às vezes,como a mídia),que agora completam este descaso,com o discurso abstrato.
Ainda que a democracia não admita atos de vandalismo,falta de argumentos,é preciso admitir que certos atos têm significação,como o privilegiar a destruição de bancos. Cá entre nós deploramos a destruição do meio de vida de trabalhadores,mas concordamos com estes vândalos quanto ao caráter igualmente depredatório e desinteressado das necessidades populares,destes bancos que lucram estratosfericamente,às custas do governo,ou seja,do povo brasileiro,parte dele nas ruas.
Então o discurso moralista não pode obscurecer a exigência de analisar a violência como fenômeno social a ser considerado de forma séria. E também,como fenômeno moral que toda violência contém em si. A violência é uma tentativa pervertida de integração,de integração legítima do povo,no processo político(estamos no regime da soberania popular)e embora a destruição seja endereçada a alvos ilegítimos ela atinge a todos,inclusive aos que jogam pedras,numa postura pequena e suicida que não se deve aceitar,o subliminar desejo de integração tem que ser analisado e considerado,dentro de uma “ moral crítica” e não uma “ crítica moralizante”


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