quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Uma Filosofia brasileira?

Todos os grandes pensadores do Brasil,como Darci Ribeiro e Gilberto Freire,são unânimes em afirmar que o Brasil é um  país moderno,pois tem indústrias modernas,tecnologia moderna e assim por diante.Contudo nós somos um país reflexo dos outros,dos países centrais.Não temos  a patente das realizações.
Não é diferente no caso da cultura.Como legatários da tradição portuguesa,nós recebemos uma herança sem Renascimento,sem as mudanças da transição da Idade Média para a sociedade moderna,como aconteceu nos outros países da Europa.
Esta tragédia histórica,cujas causas estão na influência totalitária da Igreja Católica,criou esta situação de dependência externa,que não é só econômica,mas cultural e tecnológica.
A saída para este estado de coisas é o desenvolvimento,a partir da criação original e própria do nosso paísdas,de idéias que fundamentem tais realizações.
E aí vem a pergunta recorrente segundo a qual se temos tantas pessoas capazes,tantos intelectuais e cientistas,porque não nos ombreamos aos outros países.Muitos respondem a isto dizendo que os países centrais são mais antigos e por isso possuindo mais experiência são capazes de produzir sempre algo novo e original.Isto é uma meia-verdade.Outros dizem que é porque eles possuem o controle do maisntream e da propaganda.Eu não comungo desta opinião.
Em primeiro lugar,originalidade não existe,de vez que ex-nihilo nihil,do nada não nasce nada.Originalidade quer dizer, acima d e tudo, que a idéia ou a criação original são novas e são ,a partir de criadas ,fonte primeira de outras idéias e realizações.
O Brasil pode discutir se é o país do futebol,mas quem criou o futebol,quem inventou o futebol não foi o nosso país.Que nós temos reconhecimento nesta área em nível de primeiro mundo é verdade,mas a nossa realização provavelmente não vai ter transcedênncia transhistórica ou validade transhistórica(ou seja terá importância do mesmo jeito para outras épocas além daquela em que foi criada).
O que nos falta é esta originalidade e ,no meu entender,ela só pode ser criada,ou as condições de seu surgimento,no processo de acúmulo de conhecimentos e experiências,de um determinado povo.
Por isso disse que os povos centrais conseguem o que conseguem porque possuem esta experiência e este acúmulo de conhecimento.
Não tem nada a ver com lingua ou com espirito do povo,tem a ver com o que cada geração faz e deixa para a outra.
Euclides da Cunha já tinha dito :" No Brasil o que uma geração ganha a outra perde"e Mário de Andrade afirmava que para uma geração possuir um grande poeta era preciso outros bons poetas à sua volta.
Eu lembro aqui que em volta de um Chaplin havia dezenas de outros grandes cômicos,como em nenhuma outra época.Em volta de Einstein,outros grandes físicos e assim por diante.
Lembro também de uma das últimas entrevistas dadas por Tristão de Athayde,Alceu Amoroso Lima,ao Pasquim,em que ele dizia que qualquer pessoa que entrasse em um vilarejo da Europa e conversasse com um camponês ele saberia dizer onde um grande pintor menos conhecido tinha vivido e assim por diante,revelando que existem muitas figuras importantes desconhecidas e que o camponês médio de uma França ou Alemanha tem um nível cultural maior do que o nosso..
Shakespeare e Dante são universais e epocais como todo transcendente transhistórico é.Como todo modelo histórico  e cultural é.Eles são capazes de resumir toda a experiência humana e tudo o que se fez de mais importante na sua época,a qual,por sua vz,expressa  todo um passado de experiências que chegou até eles,através de todo o Renascimento que durou 200 anos,no mínimo,para o caso deDdante e 300 para o de Shakespeare.
Machado de Assis ou Carlos Drummondde Andrade são importantes para nós mas não são universais.A filosofia brasileira é importante pra nós mas ela não é universal e é caudatária do que se faz fora.Para superar isto teremos que superar as barreiras postas por estes autores citados,principalmente Euclides da Cunha.
 

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